Estar frente a uma grande orquestra e entrar em sintonia com essa apresentação musical totalmente magistral é uma experiência, no mínimo, significativa. Os reflexos dessa vivência são históricos e podem marcar gerações. Isso porque um projeto sinfônico carrega um poder fascinante de dialogar com públicos e, a partir dessa comunicação, expor identidades, manifestações artísticas e, claro, histórias.
Também por sua trajetória e passado, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo leva os seus espectadores a experimentarem uma imersão cultural. Fundada na cidade de São Paulo em 13 de setembro de 1954, a Osesp tem um papel importantíssimo para a cultura brasileira e marca o cenário sinfônico internacional desde seus primeiros dias.
A sede da Osesp está localizada na capital paulista, a aclamada Sala São Paulo, que fica ao lado da igualmente clássica Pinacoteca. Considerado como uma das salas de concerto mais icônicas do mundo, o espaço realiza cerca de 200 apresentações por ano, incluindo sinfônicas, de corais e de câmara.
Apesar de a sede estar em São Paulo, a Orquestra viaja pelos estados brasileiros ou para outros países com uma certa frequência, engradecendo, cada vez mais, seu reconhecimento internacional. Vale lembrar também que, desde 2005, a Osesp é gerenciada pela Fundação Osesp — instituição sem fins lucrativos —, que usa sua Orquestra para promover outras atividades fundamentais como o Coro da Osesp, a Editora da Osesp e a Academia de Música.
Da estação ferroviária à luxuosa Sala São Paulo
A história da Osesp é carregada de altos e baixos, mas sempre se consolidando enquanto uma grande referência da música clássica e da arte brasileira. Seu primeiro concerto aconteceu em 18 de julho de 1953 — na época ainda intitulada Orquestra Sinfônica Estadual. Pouco mais de um ano depois, foi oficializada pela Lei Estadual nº 2.733, com o pianista, maestro e compositor João de Sousa Lima assumindo como primeiro regente titular.
Ao longo dos anos, enfrentou períodos de dificuldades, inclusive precisou paralisar suas atividades logo após sua oficialização, com a orquestra entrando em um hiato de 10 anos, voltando à ativa em 1964 com o maestro italiano Bruno Roccella, que assume como regente e diretor artístico. No período de quatro anos, o grupo sinfônico se apresentou ao menos 22 vezes em São Paulo. Contudo, novamente precisou enfrentar uma pausa, com um recesso de quase 5 anos.
Já em 1973, a Osesp passa pelo primeiro grande processo de reestruturação. Dessa vez, o responsável foi o diretor artístico e regente Eleazar de Carvalho, e esse período foi importantíssimo para o crescimento e visibilidade do projeto. Cinco anos depois, acontece a mudança do nome para o atual, Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Essa fase não impediu, porém, novas dificuldades financeiras, que chegaram com tudo na década de 1980.
Um período mais próspero se inicia em 1980 com a regularização dos contratos, com os músicos sendo admitidos no regime CLT; esse momento contou com a regência de Carvalho. As apresentações semanais aconteciam no Teatro Cultura Artística até o fim do convênio com o espaço em 1985, quando aconteceu um deslocamento para o antigo cinema do Edifício Copan e, posteriormente, para o Auditório Simón Bolívar (Memorial da América Latina).
Devido às dificuldades pelo lugar não ser exclusivo da Osesp, a situação tornou-se mais complicada, causando certo desânimo nos músicos. Em 1996, Carvalho morreu e, consequentemente, a orquestra passou por mudanças. Um ano depois, o então Secretário do Estado da Cultura, Marcos Mendonça, convida John Neschling para assumir como regente titular, e é aí que acontece a maior reestruturação.
Dois anos depois, no dia 9 de julho de 1999, a nova sede da Osesp foi inaugurada. Seu icônico espaço passou a existir a partir da reforma da Estação Júlio Prestes, idealizada pelo arquiteto Nelson Dupré em parceria com a empresa norte-americana Artec, especializada em acústica. Assim, nasceu a icônica Sala São Paulo, com capacidade para 1.498 espectadores, além de 22 camarotes. Uma das salas mais queridas do mundo, a sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo é um marco histórico, cultural e social.
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