O Rock in Rio não brinca em serviço. Desde o início da sua história, em 1985, o festival busca surpreender o público com suas apresentações gigantescas. Não à toa, a primeira edição somou uma audiência magnífica, com 1,3 milhão de pessoas visitando o evento ao longo dos 10 dias de shows — esse surpreendente número é equivalente a cinco festivais de Woodstock.
Entre os dias 11 e 20 de janeiro de 1985, o Rock in Rio fez história com grandes atrações (inter)nacionais como o Queen — ainda com seu lendário frontman, Freddie Mercury —, Iron Maiden, Rod Stewart, Scorpions, AC/DC, Ozzy Osbourne, Rita Lee, Ney Matogrosso, Paralamas do Sucesso, Gilberto Gil, Barão Vermelho, entre outros. Não tão despretensiosamente assim, consolidava-se ali, um dos principais festivais de todos os tempos.
Como esse projeto megalomaníaco saiu do papel?
De fato, o empresário e publicitário Roberto Medina criou o festival com o objetivo de ser o maior evento de música do planeta. Mas, não foi tão simples trazer os holofotes ao seu projeto. Apesar do seu currículo, que contava com o show do Frank Sinatra em 1980 no Maracanã, responsável por reunir a maior plateia pagante de um evento de um artista musical para a época, Medina recebeu rejeições de diversos nomes internacionais da música.
Até então, as mais de 170 mil pessoas que foram ao estádio para o show de Sinatra, idealizado por Medina, não foram o suficiente para convencer os diferentes artistas a abraçarem o Rock in Rio. No entanto, foi quando o empresário decidiu retomar sua amizade com Sinatra que a ideia foi tomando forma. Isso porque, o agente do músico, Lee Solters, organizou uma coletiva de imprensa em Los Angeles. E, assim, a primeira edição começou a nascer.
O primeiro a aceitar a proposta foi Ozzy Osbourne, facilitando com que Medina pudesse fechar negócio com o Queen. Não apenas o tamanho da banda britânica era impressionante para o evento, mas era um momento histórico. Isso porque, em 1981, o grupo liderado por Freddie Mercury foi impedido de se apresentar no Maracanã, pois para o governador Chagas Freitas, o local era para eventos de “relevância esportiva, religiosa e cultural”.
Para a primeira edição, portanto, Medina havia, simplesmente, selecionado as maiores bandas de rock da época. Ainda, os artistas brasileiros fortaleciam a relevância do festival, e os aclamadíssimos Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Ivan Lins, Kid Abelha e outros grandes nomes estavam entre as atrações. Os ingressos para a primeira edição foram vendidos a 20 mil cruzeiros — equivalente a 30 dólares —, com o valor de lucro chegando a 250%.
Vale lembrar, também, que os palcos do Rock in Rio foram responsáveis pela estreia de vários artistas internacionais no Brasil, incluindo o próprio Ozzy Osbourne. Scorpions, Iron Maiden, Rod Stewart e Whitesnake também tiveram seus primeiros shows no país graças ao projeto extraordinário do RiR.
Dentre os momentos mais marcantes da edição de 1985, está a memorável apresentação do Queen. Durante a performance de “Love of My Life”, o vocalista e frontman, Freddie Mercury, emocionou-se com a maneira que o público de quase 200 mil pessoas acompanhou e reagiu ao hit, sendo que, anos antes, a banda havia sido proibida de se apresentar na cidade.
Uma imersão cultural
Apesar do nome dado ao festival, o Rock in Rio nunca teve como foco apenas o “rock”, e buscava ser uma imersão em múltiplos estilos musicais. Em sua primeira edição, por exemplo, em termos percentuais, apenas 20% dos artistas correspondiam ao gênero musical. Naquele ano, os “estilos” predominantes foram o pop, com 36%, e a MPB, com 30%, seguidos do rock (20%), além do heavy metal e o jazz, com 7%.
Ao longo dos anos, o evento foi se transformando e se consolidando como essa vivência para além de um único gênero, tornando-se um dos principais festivais de música do mundo. A partir de 2004, expandiu-se e chegou a Lisboa (Portugal), garantindo sua imagem enquanto um importante marco para a cena internacional da música.
Com seu crescimento, sua infraestrutura passou a ser cada vez mais grandiosa, com atrações que permitem vivências ainda mais inesquecíveis e uma imersão cultural marcante — não só para o público, como também para os artistas que experimentam a magia desses palcos.
Atualmente, a Cidade do Rock, no Rio de Janeiro, conta com os palcos principais, Mundo e Sunset, além do Palco Favela, New Dance Order, Rock District e Supernova. Atrações como a Montanha-Russa, o Gameplay Arena, entre outras também ficam à disposição do público durante todos os dias do evento.
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