Jorge Amado viveu a vida plenamente. Escreveu livros clássicos da literatura brasileira do século XX, foi exilado do país, casou-se, teve filhos, ganhou inúmeros prêmios literários, conviveu com alguns dos maiores intelectuais do seu tempo e confessou em verso e prosa o amor pela sua Bahia natal e pelo seu povo.
Escritor, jornalista e político, Jorge Leal Amado de Faria nasceu na pequena Itabuna, em 10 de agosto de 1912, data que em 2023 completa 111 anos. Foi também em um mês de agosto, porém no ano de 2001, mais precisamente no dia 6, que a quatro dias de completar 89 anos, o baiano mais amado da literatura nacional teve o ponto final de sua imensa trajetória, também na Bahia, porém dessa vez em Salvador.
49 livros publicados por Jorge Amado
A vida de um artista, no entanto, pode até chegar ao fim, mas sua obra é imortal. No caso do “menino grapiúna” – apelido que ganhou na infância –, essa afirmação parece ser cada vez mais verdadeira. Volta e meia alguns dos seus 49 livros publicados – entre romances, contos e crônicas – ganham reedição, são traduzidos para um novo idioma, viram tema de escola de samba ou são adaptados para o teatro, cinema ou TV. Enfim, o legado de um genial criador de histórias e que, mesmo após mais de 20 anos de sua morte, continua importante para a cultura brasileira.
Jorge Amado e as memórias de Ilhéus
Nascido em uma fazenda em Ferradas, distrito de Itabuna, foi em Ilhéus que Jorge Amado cresceu, conheceu a literatura e se transformou em um exímio observador do cotidiano do povo dessa cidade. Durante sua infância, foi quando Ilhéus, conhecida como a “Princesinha do Sul”, e toda a chamada Costa do Cacau do litoral baiano, experimentou o auge da produção e exportação do fruto, amplamente utilizado na confecção do chocolate e temática comum em seus romances.
As impressões sobre a época em que os coronéis do cacau circulavam pelas ruas e praças de Ilhéus estão em livros que se tornariam clássicos da literatura amadiana, como “Terras do Sem Fim”, de 1943, e “São Jorge dos Ilhéus”, de 1944.
Lugares amadianos em Ilhéus
Lugares que inspiraram as histórias do mestre se tornaram pontos turísticos, como o antigo cabaré Bataclan, presente no sensacional “Grabriela Cravo e Canela”, de 1958. Atualmente, o local é uma mistura de espaço cultural e restaurante, e o prédio foi tombado como patrimônio histórico.
Atrás do prédio do Bataclan, encontra-se a praça em que fica o restaurante Vesúvio. Era lá que a personagem Gabriela preparava as refeições com o famoso tempero de cravo e canela, além de ser o cenário para o romance entre ela e o sírio Nacib, personagem central da trama e dono do local na história. Para deleite dos fãs, há uma estátua do escritor sentado em uma das mesas na calçada, ideal para fotografias.
O início de Jorge Amado na literatura
Ao mudar-se para Salvador na adolescência, Jorge Amado passou a ter mais contato com outros amantes da literatura. Porém, já morando no Rio de Janeiro, onde foi estudar direito na Universidade Federal, que lançou em 1931 o livro de estreia, “O País do Carnaval”, aos 18 anos. São dessa fase, ainda, outros clássicos do autor, como “Mar Morto”, de 1936, e “Capitães de Areia”, de 1937.
Ele também pegou gosto pela política e, como integrante do Partido Comunista, em 1946, elegeu-se deputado federal por São Paulo. Como deputado e um adepto do candomblé, foi o autor da emenda constitucional que garantiu a liberdade inviolável de culto religioso no Brasil. Nessa época, também, conheceu sua parceira para a vida inteira, a escritora e militante Zélia Gattai. Durante vários momentos, foi um perseguido político e, com a extinção do PCB, precisou se exilar na França e na Tchecoslováquia.
Volta ao Brasil e dedicação total à literatura
Ao voltar para o Brasil e se dedicar de vez à literatura, lançou “Gabriela, Cravo e Canela” e “A Morte e a Morte de Quincas Berro d’ Água”, em 1959, livros que lhe renderam o título de imortal da cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras.
Sua literatura, saudada por escritores, público e entusiastas, carrega temas constantes, como injustiça social, crenças religiosas, tradições e a sensualidade do povo brasileiro, com o corriqueiro e o extraordinário caminhando lado a lado, a Bahia como pano de fundo e uma linguagem rica, viva e popular. O maior exemplo disso está nas páginas de um marco literário: “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de 1966.
Jorge Amado: da Bahia para o mundo
A partir de então, romances como “Tieta do Agreste”, de 1977, “Tocaia Grande”, de 1984, e “A descoberta da América pelos Turcos”, de 1994, continuaram colocando Jorge Amado como um incansável produtor de obras-primas e gerando muita curiosidade em uma nova geração de fãs em todo o mundo.
Seus livros já foram editados em 55 países e traduzidos para cerca de 50 idiomas. Ganharam adaptações para as telonas obras como Dona Flor, em 1976 – levando mais de 10 milhões de espectadores aos cinemas –, e Gabriela, em 1983, ambos com Sônia Braga no papel principal e refilmados diversas vezes para filmes e séries de TV.
Prêmio Camões
Esse reconhecimento cultural rendeu a Jorge Amado, em 1994, a maior distinção literária da língua portuguesa, o Prêmio Camões. Mas prêmios não tocavam muito a alma do baiano. “Que prêmio a mais pode querer um escritor cuja obra é lida em mais de 30 idiomas?”, disse certa vez ao ser questionado sobre nunca ter ganhado o Nobel de Literatura. Mal sabia ele que suas histórias chegariam ainda a muitas outras línguas.
Casa de Cultura Jorge Amado
A maior homenagem ao escritor baiano em Ilhéus é a Casa de Cultura Jorge Amado. O prédio, onde Amado passou parte da infância e adolescência, é um amplo palacete construído pelo pai dele, na década de 1920. O sobrado ocupa uma área de 600 metros quadrados, com cinco metros de pé-direito, piso de jacarandá e varanda com azulejos ingleses.
Transformada em Casa de Cultura em 1997 após restauração, lá estão expostas roupas, fotos, documentos e vídeos sobre o escritor e sua família. A visita ao local é gratuita, e os visitantes são recepcionados por um guia, que descreve a importância histórica dos objetos expostos. O museu integra o Circuito de Memória da cidade.
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