É inegável a grandiosidade de David Bowie. Conhecido pelo nome artístico, David Robert Jones mudou a história da música, trouxe novas perspectivas e reinventou padrões com sua versatilidade, criatividade e personalidade excêntrica. Sempre um artista completo, o britânico conquistou públicos de diferentes idades e em diferentes décadas, consagrando-se como um dos principais artistas de todos os tempos.
Em 16 de junho de 1972, a indústria musical ganhava um disco que mudaria a expectativa e os conceitos de tudo que existia até então. Mais uma vez provando sua genialidade e excentricidade, Bowie compartilhava “The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars”, quinto álbum de estúdio da carreira. Não era só a música que encantava no projeto, mas também sua criação visual, estética e conceitual.
O momento foi extremamente marcante para a cena musical mundial e bastante significativo para o britânico, que, após dois discos mais experimentais, “The Man Who Sold the World” (1970) e “Hunky Dory” (1971), voltava às suas grandiosas influências do glam rock. O projeto alcançou a 15º posição nas paradas, sendo a entrada mais alta da semana. Além disso, nos dois anos seguintes, esteve entre o Top 50 das paradas de álbuns no Reino Unido.
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Em 2003, a Rolling Stone EUA colocou o projeto como o 35º melhor álbum de todos os tempos em sua lista “500 Greatest Albums of All Time”. Anos depois, em 2017, o disco foi escolhido para preservação no National Recording Registry (lista de gravações), também dos Estados Unidos, por ser considerado “significante culturalmente, historicamente e artisticamente”, segundo a Biblioteca do Congresso.
História, conceito e identidade visual
“The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars” convida, magicamente, para uma viagem intergaláctica. Para o álbum, David Bowie incorporou a persona de Ziggy Stardust, um personagem alienígena bissexual que veio à Terra para propagar esperança em um mundo que colapsava e beirava o desastre apocalíptico. Liderando essa história, estava Ziggy: um típico rock star, sem medo de falar o que pensava, rebelde, excêntrico, egocêntrico e ‘mensageiro’ da paz.
Acompanhado da sua banda, Ziggy Stardust usa sua música para incentivar a fé e a esperança aos humanos. Por esse “canal de comunicação”, isto é, pelas líricas e pelas linguagens dessa era, o personagem discorre sobre múltiplos temas, inclusive sobre tabus à época, como política, drogas e orientação sexual. Para que toda essa construção narrativa se tornasse ainda mais acentuada, Bowie e seus companheiros de estrada ganharam vestuários em um estilo espacial e sci-fi, com o cantor deixando os cabelos em um forte tom vermelho, cor muito utilizada pelo músico nesse período.
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Apesar de muitos nomes do rock and roll parecerem ter influenciado essa identidade de Bowie, o artista cita apenas o igualmente excêntrico Vince Taylor, um cantor britânico famoso na década de 1960, que esteve à frente da banda Vince Taylor and His Playboys. O músico experimentou intensamente as peculiaridades de uma vida “rockstar”, passando a se chamar “Son Of God” (filho de Deus, em tradução livre). Há uma série de detalhes do conceito apresentado no personagem Ziggy Stardust que se assemelham a Taylor, a quem Bowie conheceu em 1966.
Toda a contribuição artística do britânico para a história da música marcou gerações com esse projeto icônico e memorável. Ziggy Stardust – seja o disco ou o conceito – solidifica uma concepção fantástica, conhecida como “Art Rock”, presente em diversos artistas de diferentes décadas desde então. Temas “tabus”, androgenia, figurinos, elementos e turnês carregadas de conceito são alguns dos exemplos dos aspectos apresentados, nessa era de Bowie, que seguem as múltiplas manifestações da arte.
Cantoras como Lady Gaga e Sia, que criam eras complexas e conceituais, são exemplos de artistas que se inspiraram nessa proposta fascinante, que ganhou ainda mais força e repercussão a partir de Ziggy Stardust. Os robôs do Daft Punk, o Slipknot com suas máscaras, além de diversas outras figuras, também são influenciados pelas características visuais, estéticas e grandiosas de Bowie.
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Para além do conceito: relevância sonora e musical
Há, ainda, uma relevância musical extremamente importante em “The Rise And Fall of Ziggy Stardust And The Spider From Mars”. O disco impulsionou o glam rock e o movimento punk, e, embora não seja exatamente um projeto deste gênero, as facetas rebeldes de Bowie estavam muito ligadas às propostas do estilo, como a própria ideia do “Faça Você Mesmo” (“Do It Yourself”, em inglês).
Isso sem contar a forma como o britânico mesclava e flertava com diferentes gêneros musicais e estilos, distanciando-se de padrões preestabelecidos. Canções como “Hang On To Yourself” se aproximam de artistas como The Clash e Sex Pistols. Além disso, “Soul Love” mostra uma significativa inserção do Soul e R&B no rock.
A inesquecível tracklist do álbum
- 1- Five Years
- 2 – Soul Love
- 3 – Moonage Daydream
- 4 – Starman
- 5 – It Ain’t Easy
- 6 – Lady Stardust
- 7 – Star
- 8 – Hang On to Yourself
- 9 – Ziggy Stardust
- 10 – Suffragette City
- 11 – Rock ’n’ Roll Suicide
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