Em drinques, pura ou com sal e limão: a tequila vai bem com tudo. A famosa bebida mexicana está cada vez mais entre as preferências dos consumidores, inclusive dos brasileiros. Segundo dados do Conselho Regulador da Tequila (CRT), a produção da bebida mais representativa do México foi de 41,5 milhões de litros em janeiro de 2022, uma marca expressiva para o destilado.
O relatório mostra que houve um aumento de 21%, com um crescimento na produção, exportação e consumo de bebida, se comparado ao mesmo mês do ano anterior. Ainda no ano passado, o agronegócio da tequila bateu recordes históricos com números nunca alcançados anteriormente. Embora tenha começado a ganhar holofotes nas últimas décadas, o “boom” desse mercado se iniciou nos anos 1980.
Em solo brasileiro, há uma procura significativa do destilado. Alex Mesquita, mixologista e diretor criativo de coquetéis do Tan Tan Bar, fala: “No Brasil e na América Latina, a tequila é procurada a todo momento, não tem uma estação específica. A gente sabe que o que foi feito ao longo dos últimos quarenta anos é que foi promovido uma imagem mais jovial da tequila. Houve uma mudança de comportamento nos últimos anos para deixar ela mais jovial, […] porque o mercado entende que uma mudança é importante”.
De onde vem a Tequila?
Alex Mesquita explica que existem “mais de quatrocentas variedades de agave”, planta nobre, responsável por ser o principal ingrediente para a fabricação da tequila. Vegetal que demora de sete a dez anos para amadurecer totalmente, o agave-azul é nativo de Jalisco, um dos estados mais importantes do México economicamente. “Para se fazer um litro da bebida são necessários, aproximadamente, sete a oito quilos de agave. É muita coisa,” pontua o mixologista.
Para chegar ao padrão da tequila que conhecemos, há um longo processo de produção. Após a colheita da agave-azul, tem-se a segunda etapa, chamada “queimadura”, um aquecimento em incinerador “com mais de cem graus de temperatura por um período de mais de quarenta horas”.
Conforme ressalta Mesquita, esse processo é responsável por diferenciar os sabores das tequilas das múltiplas fábricas: “Quando ela vai para o forno, influencia totalmente no aroma e sabor,” comenta, explicando que essa etapa é conduzida por uma equipe da fazenda e/ou destilaria.
Após deixar o forno, tem-se a trituração, em que o agave repousa de quatro até dez horas e, em seguida, é moído. Enquanto as raízes são trituradas, a mesma equipe que levou ao processo de queimadura, “adiciona água” — “um procedimento normal em qualquer mistura heterogênea”.
O próximo passo é a fermentação, isto é, quando o caldo é aquecido de modo a metabolizar o açúcar e produzir o álcool. “Cada marca de tequila vai trabalhar com processos mais ou menos demorados justamente para elevar a levedura ou não. Essa levedura se alimenta assim como cachaça,” afirma o diretor criativo de coquetéis do Tan Tan Bar.
A última etapa do processo é a destilação, que leva, em média, cinco horas. Neste momento, o líquido sai da máquina, mantendo-se ainda em estado de elevação, e os vapores começam a ser condensados. Mesquita lembra que é preciso de duas destilações para ser considerado tequila, principalmente no México.
Por que sal e limão?
Uma tendência comum na hora dos shots de tequila é a combinação da bebida com sal e limão. Segundo Mesquita explica, o sal abre as papilas gustativas e faz com que o sabor fique intensificado ao passar pela língua, enquanto isso, o limão fecha as papilas gustativas, “mascarando um pouco essa mistura áspera e picante” do destilado.
No entanto, o limão não é a única opção. O mixologista analisa: “É muito interessante as pessoas pedirem, por exemplo, um shot de tequila e um shot de suco de abacaxi ao invés do limão. Isso vai gerar uma sensação muito mais prazerosa, porque o abacaxi tem muito mais açúcar. Já o limão, como é rico em pectina, vai deixar a mistura de amarga a picante”.
Quais sabores combinam com a Tequila?
Apesar de a “mistura” mais comum da tequila ser o shot com sal e limão, o destilado pode ser combinado com diversos ingredientes, como aconselha Alex Mesquita. “De uma maneira geral, combina muito com cítricos, herbáceas e ingredientes que vêm da terra,” fala.
“Não existe uma combinação melhor que a outra. Gosto é subjetivo […] A tequila realmente é um destilado muito interessante para ser explorado. Não foi tão explorada no nosso mercado ainda, mas já acontecem mudanças significativas,” finaliza.
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