O queijo está presente diariamente na mesa dos brasileiros, em todos os seus variados sabores e configurações. E se tem um lugar no Brasil que é sinônimo de produção artesanal de queijos é Minas Gerais. Reconhecido pela qualidade, com premiações em eventos na Europa, e com data exclusiva para o Dia dos Queijos Artesanais de Minas Gerais – 16 de maio –, o alimento é fundamental na história, sociedade e cultura mineira, além de ter imenso valor econômico para o estado, pois se estima que 40% da produção de queijo em nosso país aconteça em MG.
Essa antiga relação entre queijo e Minas Gerais, que remete ao século XVII, é tão estreita que uma das variedades do alimento produzido em terras mineiras é o Queijo Minas Artesanal (QMA), o primeiro a ser caracterizado no estado e reconhecido como patrimônio cultural brasileiro. Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), dados apontam, ainda, que no total são 30 mil produtores rurais mineiros de queijo, com uma elaboração de 85 mil toneladas por ano.
Atualmente, são oito regiões no estado reconhecidas como produtora do minas artesanal, sendo elas Araxá, Campos das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro e Serras da Ibitipoca. Em breve, Dimantina deverá entrar nessa lista e ganhar o selo de região produtora QMA. As regiões da Serra da Canastra e do Serro possuem também o reconhecimento de Indicação Geográfica, certificação concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Há, ainda, outras cinco regiões produtoras de outras variedades de queijo artesanal: Vale do Jequitinhonha, Vale do Suaçuí, Alagoa, Serra Geral (Norte de Minas) e Mantiqueira de Minas. A Emater estima que um terço dos produtores de queijos em MG esteja nestas regiões.
Mas a verdade é que cada peça de queijo pode ser vista como única, pois, assim como o sabor dos vinhos depende do local onde as uvas foram plantadas, cada terroir – no caso dos queijos, o terreno onde as vacas leiteiras são criadas – tem sua particularidade, com diferentes altitudes, climas, solo, vegetação, água e pastagem. Desse modo, o produtor artesanal faz cada peça de queijo como uma joia, uma verdadeira preciosidade.
Prêmios na Europa
O queijo mineiro projetou sua importância mundo afora nos últimos anos, dividindo espaço e premiações com queijos produzidos nos países mais tradicionais na fabricação da iguaria. Um exemplo são as medalhas conquistadas no concurso mundial Mondial du Fromage et des Produits Laitiers de Tours, realizado em setembro de 2021, na França. Das mais de 300 medalhas distribuídas no concurso, 40 foram conquistadas por produtores mineiros.
O Queijo D’Alagoa, do município de Alagoa, a “Terra do Queijo”, no sul de Minas, conquistou nesse concurso duas medalhas de prata, com os queijos artesanais Fumacê e Araucária, além de inúmeras outras premiações no Brasil e no mundo na última década. De propriedade de Osvaldo Martins de Barros Filho, a D’Alagoa está em atividade desde 2009. Bisneto de um tropeiro que levava queijos mineiros para revender nas regiões do Vale do Paraíba (SP) e Resende (RJ), Osvaldo Filho se autointitula como “tropeiro digital” e é um dos maiores fomentadores da preservação da tradição do queijo alagoense.
“Consigo enxergar que o queijo artesanal está no seu auge, vivendo um momento áureo. O queijo sobrepôs as montanhas mineiras e foi lá na França fazer bonito. É a coroação de muito trabalho, muita garra e muita determinação. Mineiro não desiste fácil”, ressalta Osvaldo Filho.
O lado digital do tropeiro do século XXI está no modo de fazer seu queijo chegar a outros estados. Osvaldo Filho é um pioneiro na venda de queijo pela internet, com entrada no país inteiro e com o Instragram (@queijodalagoamg) sendo aquele com mais seguidores no ramo. Para 2022, ele projeta uma nova loja em um sítio adquirido no Vale das Araucárias, além da intenção em construir uma queijaria-escola e um museu do queijo.
Santo Casamenteiro
Distante cerca de 70 quilômetros de Alagoa, a cidade de Cruzília também é reconhecida pela qualidade de seus queijos. Como não poderia deixar de ser, a Queijos Cruzília, marca de propriedade da UltraCheese, saiu com prêmios do mesmo concurso internacional no ano passado, inclusive com uma medalha Super Ouro, a maior condecoração do evento.
O queijo premiado foi o Santo Casamenteiro. Sucesso em concursos internacionais, a iguaria é similar a um bolo de casamento e carrega a fama de ajudar a levar noivas ao altar. O Santo Casamenteiro leva em sua receita a base do Queijo Azul de Minas Cruzília, e o processo de decoração das peças é manual. Como toque final, o queijo é recheado com damasco, nozes e cream cheese, resultando em um verdadeiro presente para o paladar.
“A Cruzília é a marca de queijos brasileira mais premiada do mundo. A arte de produzir queijos, a brasilidade, a inovação e a criatividade estão em nossa gênese. O reconhecimento obtido pelos prêmios nos dá tanto orgulho quanto os elogios que recebemos de consumidores. Mais do que a satisfação, nossos queijos proporcionam experiências de prazer que o público não encontra em nenhuma outra marca”, afirma Rodrigo Broetto, gerente de produtos da UltraCheese.
“Consigo enxergar que o queijo artesanal está no seu auge, vivendo um momento áureo.”
Osvaldo Filho, proprietário da D’Alagoa
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