Um slogan provocava os pais ingleses na década de 1960: “Você deixaria sua filha se casar com um rolling stone?” Feios, sujos e malvados, a banda liderada por Mick Jagger e Keith Richards, respectivamente vocalista e guitarrista dos Rolling Stones, representava o lado selvagem do rock n’ roll, em contraponto com os Beatles, os bons moços de Liverpool.
E quem diria que aqueles rapazes de Londres iriam se tornar o grupo mais longevo do rock? Pois em 2022 as “pedras rolantes” – nome tirado de um antigo blues de Muddy Waters – completam 60 anos praticamente ininterruptos de carreira. Foi no dia 12 de julho de 1962, que Mick, Keith e Brian Jones (guitarra) – além do pianista Ian Stewart, que se tornou músico de apoio da banda – apresentaram-se pela primeira vez com o nome de Rolling Stones, no histórico Marquee Club, em Londres.
O show contou com 18 músicas, especialmente antigos blues que faziam a cabeça daqueles meninos branquelos, aficionados pela música negra norte-americana. Entrariam na banda alguns meses depois o baterista Charlie Watts, falecido em agosto de 2021, e o baixista Bill Wyman, que deixou os Stones no início da década de 1990.
Considerada por diversas vezes “A Maior Banda do Mundo”, os Stones são tão importantes para a cultura inglesa que, em comemoração ao aniversário de 60 anos de fundação do grupo, o correio real britânico anunciou que produzirá uma coleção de 12 selos, com imagens dos integrantes e de pôsteres de diversas turnês.
Uma banda de clássicos
Desde aquela época considerada uma banda com ótima performance no palco, os Stones, com sua mistura de rock, blues, soul e rhythm & blues, logo conseguiram um contrato com a gravadora Decca Records, lançando compactos e álbuns, cada vez mais recheado de composições da dupla Jagger/Richards. Em 1965, surge o primeiro grande clássico da banda, reconhecido ainda nos primeiros acordes: “(I can’t get no) Satisfaction”. O riff, composto por Keith Richards durante um breve despertar noturno, é daqueles que está na cabeça de todo fã de rock.
Dali até o fim da década de 1960 muitas coisas importantes aconteceriam com os rapazes ingleses, como a morte de Brian Jones. Fundador do grupo, Jones foi encontrado sem vida na piscina de sua mansão, em 3 de julho de 1969, em circunstâncias até hoje misteriosas. Mas antes mesmo disso, Brian Jones já havia sido “convidado a se retirar” da banda, pois não cumpria a agenda de gravações e shows do quinteto.
A vaga ficou com o novato guitarrista Mick Taylor, considerado um dos melhores instrumentistas de blues rock inglês da época. Foi com Taylor que os Stones enfileiraram álbuns essenciais, em uma fase extremamente criativa. Os fantásticos “Beggar’s Banquet” (1968), “Let it Bleed” (1969), “Sticky Fingers” (1971) e o seminal “Exile on Main Street” (1972) marcaram época e estão frequentemente em listas de melhores discos de todos os tempos.
Ainda nos anos 1970, a banda teve mais uma troca de integrantes, com a entrada de Ron Wood, ex-The Faces, na vaga de Taylor. Guitarrista menos habilidoso do que o antigo stone, Wood por sua vez encarnou melhor o espírito da banda, fazendo uma grande dupla com Richards. Nesta década, a banda continuou a lançar álbuns relevantes, como “It’s Only Rock n’Roll” (1974), “Black and Blue” (1976), “Some Girls” (1978) – quando a banda flertou com a então nascente disco music –, e “Tattoo You” (1981), este último com a faixa “Start me Up”, outro petardo clássico na carreira da banda.
1,5 milhão de stones em Copacabana
Após quase terminar nos anos de 1980 por causa das constantes brigas entre os integrantes, já na década seguinte, os Stones retomaram as rédeas. Foi a partir dessa época que o grupo realizou megaturnês, transformando-se de vez em uma banda multimilionária, com administração autônoma e profissional. Mais do que uma banda de rock, foi nesse momento que os Rolling Stones viraram uma marca valiosíssima expandida para todo mundo, inclusive o Brasil, onde fizeram seu primeiro show em 1995.
A relação próxima com o público brasileiro fez com que, em 2006, no dia 18 de fevereiro, a banda fizesse o maior show de sua história. Os Rolling Stones reuniram 1,5 milhão de pessoas nas areias da Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, uma semana antes do Carnaval. A apresentação fez parte da turnê do álbum “A Bigger Bang” (2005), 22º álbum de estúdio do grupo e, até o momento, último disco com músicas inéditas.
Mesmo com perda de integrantes, a idade avançada – afinal, todos eles estão beirando os 80 anos – e não lançando álbum de inéditas há alguns anos, os Rolling Stones ainda comandam o show business. Uma prova disso é que eles tiveram a turnê mais lucrativa de 2021, com U$115 milhões de ganhos e mais de meio milhão de ingressos vendidos. Um indiscutível sucesso para os rapazes que causavam medo nos pais ingleses há 60 anos.
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