Um dos principais polos econômicos e culturais do Nordeste, Recife é o retrato perfeito do encontro entre o passado e o presente. Do mesmo modo que a capital de Pernambuco tem ruas e construções históricas que remetem aos seus 486 anos de fundação, uma enorme gama de arranha-céus modernos – são mais de 1,5 mil torres com mais de 35 metros de altura – colocam-na como a terceira cidade mais “verticalizada” do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Fundada em 12 de março de 1537, Recife é a capital mais antiga do Brasil. Com uma população estimada em 1,6 milhão de habitantes, é a nona maior cidade brasileira, além de ter a quinta região metropolitana mais populosa do país, com 3,6 milhão de pessoas nos 15 municípios integrantes.
PIB e economia de Recife
A principal cidade pernambucana tem, ainda, o 13º maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, alavancado pela presença na região metropolitana do importantíssimo Complexo Industrial e Portuário de Suape, que é o maior porto público do Nordeste e com uma grande concentração de indústrias do setor petroquímico. Em 2022, a Suape registrou uma movimentação de carga de 24,7 milhões de toneladas, número 12% maior que o contabilizado no ano anterior.
No setor turístico, Recife é um dos principais destaques da região. Além de contar com ótimas praias urbanas, a capital pernambucana é ponto de partida para inúmeras localidades turísticas do estado: a vizinha Olinda, o arquipélago de Fernando de Noronha, destinos turísticos litorâneos como São José da Coroa Grande, Ipojuca – onde está a célebre Porto de Galinhas – e Tamandaré, bem como de cidades do interior, como Caruaru e Gravatá.
Localização privilegiada
Além da proximidade com os vários centros urbanos de Pernambuco, a localização privilegiada coloca Recife a menos de 300 quilômetros de três outras capitais nordestinas: João Pessoa, na Paraíba (112 km); Maceió, em Alagoas (257 km), e Natal, no Rio Grande do Norte (286 km).
Recife, a cidade holandesa
Entre 1630 e 1654, Recife esteve sob o poder do governo da Holanda. Isso aconteceu após a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais invadir e tomar o controle de Pernambuco, que na época era a região mais rica do Brasil por causa da produção de açúcar.
Durante os 24 anos de ocupação holandesa, Recife se transformou em uma cidade cosmopolita, com vários ganhos em infraestrutura e na área econômica, porém muitos conflitos com a população local marcaram esse período, governado em grande parte do tempo pelo nobre Maurício de Nassau.
Em 1654, os holandeses foram expulsos definitivamente pelos portugueses, que reconquistaram a região e restabeleceram o controle.
Rios e pontes de Recife
A área onde Recife foi erguida era a principal zona portuária de Pernambuco, a mais importante capitania do Brasil no período da colonização portuguesa. A cidade foi nomeada em seus primeiros tempos de “Ribeira de Mar dos Arrecifes dos Navios”, uma vez que os tais arrecifes (formação rochosa submersa em águas oceânicas de baixa profundidade) faziam a proteção da bacia dos rios Capibaribe, Beberibe e Tejipió, os três principais cursos d’água da capital.
Recife, a Veneza brasileira
Ponto peculiar, a geografia recifense conta com ilhas, pontes e cerca de 100 quilômetros de canais fluviais que integram o cenário urbano e promoveram a cidade como a “Veneza brasileira” em referência à cidade italiana e as suas vias alagadas. No entanto, a expansão urbana dos últimos anos causou o desaparecimento de muitos desses cursos d’água.
A marcante presença dos canais está imortalizada em algumas canções de Chico Science, cantor e compositor que fez sucesso à frente da banda Nação Zumbi. Turistas e moradores podem conhecer mais de perto as inspirações de Science com um passeio de catamarã pelos rios e pelas pontes, além de observarem a escultura do caranguejo gigante, símbolo do movimento Manguebeat e que está na rua da Aurora, à margem esquerda do Capibaribe.
Passeio pelo Recife Antigo
Conhecido como Recife Antigo, o centro histórico é parada obrigatória para quem visita a capital de Pernambuco. A história recifense é contada por meio de diversos museus, praças, ruas antigas e casarões coloniais que estão nesse ponto da cidade, erguido, ainda, na primeira metade do século XVI. A região, localizada próxima ao cais, é pequena, o que possibilita que o passeio seja feito a pé.
Praça do Marco Zero e arredores
Oficialmente denominada de Praça Barão do Rio Branco, a Praça do Marco Zero recebe esse nome por estar nela o ponto que representa as medidas oficiais de distâncias rodoviárias locais, ou seja, o quilômetro zero das estradas pernambucanas. Entre as obras na praça estão a estátua do Barão do Rio Branco, na parte lateral, e, ao centro do largo, a pintura “Rosa dos Ventos”, do artista Cícero Dias, também autor da remodelação pela qual a praça passou ao fim da década de 1990.
Muitos pontos turísticos e culturais estão próximos à praça, como a rua do Bom Retiro, eleita a terceira mais bonita do mundo; o Forte das Cinco Pontas, antiga fortaleza e sede do Museu do Recife; a Capela Dourada, considerada a igreja mais bonita da cidade; a Kahal Zur Israel, primeira sinagoga das Américas e onde está instalado o Arquivo Histórico Judaico de Pernambuco; e a Torre Malakoff, espaço cultural e antigo observatório astronômico.
Outros centros culturais de Recife
- Instituto Ricardo Brennand: O complexo é dedicado às artes e ocupa uma área de 30 mil m², com sala de exposições, biblioteca e áreas ao ar livre;
- Oficina Cerâmica Francisco Brennand: Ateliê do falecido artista plástico, o local funciona nas ruínas de uma olaria. Além das obras, o jardim projetado por Burle Marx é uma atração interessante do lugar;
- Museu Cais do Sertão: Centro cultural que representa a cultura nordestina, ele fica no Armazém 10 do porto. Nele, o visitante encontra moradias sertanejas tradicionais, exposições, salas de música e itens típicos do sertão;
- Centro de Artesanato Roberto Lessa: Localizado em frente à Praça do Marco Zero, o centro de artesanato tem ambientes decorados e expõe mais de 25 mil peças à venda, como cerâmica, madeira, vidro, metal, renda, têxtil e outros;
- Museu do Frevo (Paço do Frevo): Instalado em um prédio tombado como patrimônio histórico da cidade, o espaço é dedicado à difusão do frevo, gênero musical pernambucano e muito executado durante o Carnaval;
- Caixa Cultural: Espaço que conta com dois pavimentos de galerias de arte, teatro com 96 lugares, sala multimídia, duas salas para oficinas de arte-educação e amplo hall de entrada.
No ritmo do Carnaval em Recife
O Marco Zero também é usado como principal palco do Carnaval da cidade. Em 2023, cerca de 300 mil foliões, por dia, acompanharam dezenas de shows de grandes artistas nacionais. Os ritmos regionais e que representam a cultura pernambucana, como maracatu, frevo e forró, também ganharam espaço na programação.
Outro símbolo do Carnaval de rua pernambucano é o Galo da Madrugada, tradicional bloco que desfila pelas ruas da cidade no sábado, durante o dia todo, acompanhado por mais de 2,5 milhões de foliões. Considerado o maior bloco carnavalesco do mundo, segundo estimativa do Guiness Book, o Galo da Madrugada é composto por carros alegóricos e pelas famosas freviocas, uma espécie de trio elétrico pernambucano.
Carnaval em Olinda
Parte importante do circuito de Carnaval e a pouco menos de seis quilômetros de Recife, a histórica Olinda é mais antiga que a própria capital, pois foi fundada dois anos antes. Olinda tem um dos carnavais mais contagiantes do Brasil, reconhecido pelos gigantes e coloridos “bonecões” com mais de dois metros de altura. A folia olindense acontece pelas ladeiras do centro histórico e é acompanhada por dezenas de blocos, como Bacalhau do Batata, Enquanto Isso na Sala de Justiça e o Homem da Meia-Noite.
Nos sons do Manguebeat
Recife foi o cenário do principal movimento musical/contracultural que o Brasil viu na década de 1990. O Manguebeat (ou Mangue beat), capitaneado por Chico Science (da Nação Zumbi) e Fred Zero Quatro (do Mundo Livre S/A), tinha como propósito a mistura de ritmos, que ia do rock e do hip hop ao maracatu, samba e coco, com letras que falavam do cotidiano da população recifense e da conservação da biodiversidade do manguezal –principal ecossistema que envolve a cidade. E tudo isso era feito a partir do ponto de vista de jovens da periferia.
Apesar do abalo gerado com a morte de Chico Science, ocorrida em um domingo de pré-carnaval em 1997, a cultura jovem e alternativa em Recife fincou os pés de vez no radar musical nacional. A cidade se tornou um polo de novas bandas e artistas, além de festivais, como o representativo Abril Pro Rock, realizado desde 1993. Artistas de outras áreas, como cinema, literatura, artes plásticas e produção audiovisual, também se beneficiaram com a efervescência cultural deixada a partir de então pelos “mangueboys”.
Boa Viagem e outras praias
Imortalizada na letra de “La Belle de Jour”, de Alceu Valença, a praia de Boa Viagem é a mais animada da orla recifense e a queridinha dos moradores e turistas. Com nove quilômetros de extensão, cercada pelos coqueiros de um lado e pelo mar azul-turquesa do outro, Boa Viagem tem quiosques e bares com peixes e frutos do mar no cardápio. Ao entrar na água, é importante tomar cuidado com os ataques de tubarão, risco comum nas praias da cidade.
Continuação da praia de Boa Viagem, a Pina está no bairro de mesmo nome, na zona sul de Recife. Com ótima infraestrutura de barracas e quiosques, a praia do Pina também tem paisagens lindas e oferece a tranquilidade das piscinas naturais durante a maré baixa.
Outras praias da cidade e dos arredores são a de Piedade, perto da região central de Recife; a tranquila Candeias, em Jaboatão dos Guararapes; Coroa do Avião e Enseada dos Golfinhos, na Ilha de Itamaracá; e a de Calhetas, em Cabo de Santo Agostinho.