Em seu famoso poema “Ode ao Vinho”, o poeta Pablo Neruda usa toda sua eloquência para homenagear a bebida e glorificar os efeitos que ela nos faz. “O vinho move a Primavera, cresce como uma planta de alegria, os muros desmoronam-se, os penhascos, fecham-se os abismos, nasce o canto”, diz o poeta, unindo dois símbolos que orgulham o povo do Chile: a literatura de Neruda e os vinhos produzidos em terras chilenas.
O vinho no Chile é uma instituição e foi peça fundamental em diversos momentos da história chilena. As primeiras mudas de parreiras foram trazidas por monges espanhóis em 1548 e, durante o período colonial, a colheita da uva foi a mais significativa atividade agrícola do país. Em certo momento, a Espanha, vendo seu vinho sendo suprimido em qualidade pela bebida chilena, proibiu novas plantações de uvas e aumentou impostos para coibir a concorrência. O resultado foi a revolta contra os colonizadores e, atrelado a outros fatos, desaguou na independência chilena, em 1818.
A indústria da uva no Chile sobreviveu ainda, em 1863, ao surto devastador da filoxera, um pulgão que causou uma grande crise na Europa e atingiu vinícolas na Austrália, África do Sul e Califórnia. Devido à geografia do país e ao modo em que as parreiras eram plantadas, os vinhedos chilenos mantiveram-se livres da contaminação, podendo ser utilizados para a recuperação da indústria no mundo.
Revitalização nos anos 90
Quarto maior atual exportador de vinhos do mundo – o primeiro colocado fora da Europa –, o Chile viu sua indústria vinícola ganhar um boom na quantidade e na qualidade da bebida produzida, especialmente a partir da década de 1990.
Anteriormente o país era conhecido por produzir vinhos de qualidade menor, muito por causa de graves problemas econômicos que o país atravessava. Mas produtores internacionais passaram a investir com tecnologia de ponta e apostando em uma nova geração de profissionais com formação universitária, o que revitalizou as vinícolas e fez o produto final dar um salto de qualidade.
Segundo dados da International Wine Central, em 2015, o Chile exportou 8.800.000 Hectolitros (1 hectolitro equivale a 100 litros). Grande parte desta produção tem como destino as taças brasileiras, pois ano passado, o Brasil se tornou o maior mercado consumidor de vinho chileno no mundo. Foram US$ 148 milhões de vinhos importados entre janeiro e outubro de 2020. Tudo isso muito puxado por uma política de baixos impostos e valorização das vinícolas.
Os chilenos também souberam aproveitar o fervor produtivo das vinícolas para expandir o enoturismo no país. Sua Rota de Vinhos passa pelas principais regiões produtoras e grandes vinícolas oferecem conforto, ótima estrutura, bom acesso e sofisticação aos turistas. Segundo o governo chileno, o turismo relacionado ao vinho cresce mais de 10% ao ano e 80% dos visitantes são estrangeiros, sendo os brasileiros o maior grupo.
O país é fortemente conhecido pela Carménère, mas também há o cultivo de inúmeras castas internacionais como Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Riesling e Gewürztraminier. As principais regiões de produção do vinho chileno são Casablanca (vinhos brancos), Aconcagua (ao norte de Santiago), Colchagua, Maule, Rapel, Maipo, Curicó (ao sul de Santiago, na parte do Chile denominada Vale Central) e Limari (no extremo norte do Chile e uma região em ascensão).
Para Bruno Brianezi, influenciador digital e criador do blog “Vinho Nosso, a melhor forma de começar a conhecer os vinhos chilenos é provar diferentes uvas, de diferentes regiões, e ficar atento a como mudanças climáticas e geográficas alteram o resultado final da bebida. “Gosto muito dos Cabernet Sauvignon e dos ‘blends bordaleses’ (blend das uvas típicas de Bordeaux) chilenos, especialmente os do Vale do Maipo e os de Colchagua. Um exemplo de cada estilo que me agrada muito é o ‘Don Melchor’ e o ‘Altair’”, salienta Bruno.
Casillero del Diablo Pinot Noir
Produzido na vinícola Conha Y Toro, esse é um dos rótulos mais famosos da região. Tem corpo macio e sabor frutado, com notas de carvalho francês.
Preço médio: R$49,99
Ventisquero Reserva Carménère
De cor vermelha intensa e profunda, com aromas de ameixas e especiarias, misturados com toques de chocolate e baunilha adquiridos durante o envelhecimento nos barris.
Preço médio: R$ 59,90
Taparacá Gran Reserva Etiqueta Negra
Eleito o melhor Cabernet Sauvignon do Chile, apresenta aromas de frutas negras, groselha preta e cassis, entrelaçados com delicadas notas de ervas.
Preço médio: R$ 210
Falernia Pedro Ximenez Reserva
Um vinho branco seco e aromático, recebeu uma menção honrosa em 2017 como um dos melhores chilenos, de acordo com um ranking anual bem respeitado.
Preço médio: R$ 90
Veja outros destinos para curtir em família ou com amigos no Blog da Voepass.