As celebrações de fim de ano não podem acontecer sem uma (ou algumas) taças com espumantes. Brindar com a bebida evoca o espírito da comemoração, especialmente no fechamento do ano. Ao estourar a rolha após a contagem regressiva para meia-noite, é como se fosse cristalizada a promessa de um novo ano melhor. Mas se, antigamente, era preciso escolher um espumante de outro país para conseguir apreciar uma bebida de qualidade no brinde do Réveillon, há alguns anos, o Brasil tem se colocado como um dos principais produtores de espumante.
Segundo dados oficiais da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), de janeiro a junho de 2021, em comparação com o mesmo período do ano anterior, o tipo bruit, por exemplo, experimentou um crescimento no mercado interno de 52,03%, com um total de 3,7 milhões de litros, enquanto os moscatéis tiveram alta de 43,30%. No mercado externo, o produto nacional também tem brilhado. Números de 2020 revelam que, até setembro daquele ano, houve, no comparativo com o ano anterior, um incremento de 43,8% nos volumes vendidos ao exterior.
O trabalho de crescimento dos vinhos espumantes brasileiros começou a ser feito principalmente a partir do começo do século. Um símbolo disso foi aquele que é considerado o maior feito internacional de um espumante produzido no país. Em 2011, o Cave Geisse Brut 1998 fez parte da degustação Wine Future, em Hong Kong, quando analistas lhe atribuíram nota altíssima e comentários elogiosos.
Desde então, não há grande competição ou concurso realizado em que o espumante nacional não receba prêmios e medalhas. No primeiro semestre de 2021, por exemplo, a Cooperativa Vinícola Garibaldi, sediada na Serra Gaúcha – região das principais vinícolas brasileiras –, por exemplo, conquistou 19 premiações ao redor do mundo, com destaque para a medalha de ouro no concurso francês Vinalies Internationales e para a medalha de prata no Concours Mondial de Bruxelles, realizado em Luxemburgo.
Conseguimos produzir um grande leque de perfis diferentes, para agradar a todos os olfatos e paladares
Heloise Violène Guil Chociai, sommelière
Variedade de estilos
De acordo com a sommelière Heloise Violène Guil Chociai, do Instagram Lady in Red Wines, o Brasil tem a vantagem de dispor de uma grande variedade de estilos de climas, solos e altitudes que permitem que sejam criados espumantes que vão desde os mais jovens, cítricos e frutados aos com mais tempo de maturação. “Conseguimos produzir um grande leque de perfis diferentes, para agradar a todos os olfatos e paladares”, explica Heloise.
A sommelière não vê a existência de um “estilo nacional” dos espumantes definido, mas reconhece que há uma busca por algo próprio e original de produção, não só para os espumantes, mas vinhos no geral. “Recentemente, degustei um vinho que passou por barricas de Jequitibá-rosa, uma árvore nativa do Brasil. Quando é que iríamos imaginar que um dia um enólogo ousaria fugir do carvalho francês e americano por aqui? E cada vez mais, as pessoas querem isso, o diferente, a ideia original do produtor na criação do vinho, o conceito, a história, e não apenas mais um produto de mercado seguindo modinha”, ressalta.
Segundo Heloise, o motivo de termos espumantes que fazem sucesso é a qualidade excepcional em vários aspectos, com bom fator aromático e com perlage (do francês “perle”, ou pérola, e é usada para se referir às bolhas de espumantes). “É necessário haver um equilíbrio entre vários aspectos para um espumante ser considerado bom. Os rótulos brasileiros conseguem alcançar qualidade em todos os aspectos de forma harmônica e com preços muito acessíveis”, afirma a sommelière.
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