Uma das doenças que mais tem acometido os brasileiros nos últimos anos, o câncer de cólon, ou câncer colorretal (intestino grosso/cólon, reto e/ou ânus), é um dos que mais mata no mundo, atrás apenas do câncer de pulmão. De acordo com dados do levantamento Globocan, da Organização Mundial da Saúde (OMS), esse diagnóstico representa 10% de todos os tipos de câncer, com 1,9 milhão de novos casos anuais e 935 mil mortes.
No Brasil, o número também é igualmente preocupante. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer colorretal é o segundo tumor maligno – excluindo o câncer de pele não melanoma – mais comum em homens e mulheres, atrás apenas do câncer de próstata e mama, respectivamente. Para cada ano do triênio 2023-2025, são esperados 45.640 novos casos desse tumor oncológico – 23.660 em mulheres e 21.970 em homens.
Maior jogador de futebol da história, Edson Arantes do Nascimento, conhecido como Pelé (ou Rei Pelé), morreu em 29 de dezembro de 2022, vítima de câncer colorretal. Devido ao seu diagnóstico, o tema passou a ser mais recorrente entre a população brasileira que, embora desconheça alguns detalhes dessa doença, precisa estar atenta à saúde do cólon.
Após o tratamento, é preciso fazer um acompanhamento especializado com o médico oncologista clínico para identificar precocemente a recidiva e determinar as abordagens mais adequadas”
Ramon Andrade de Mello, médico oncologista
Conscientização salva vidas
Por conta do cenário alarmante no Brasil, em fevereiro de 2022, o senado aprovou que março fosse definido como o mês de conscientização sobre o câncer de cólon. Médico oncologista, Ramon Andrade de Mello fala sobre a urgência de informar os brasileiros acerca desse tumor oncológico.
“Março é o mês dedicado à conscientização dessa doença. Isso é muito importante, pois ao detectar a doença de forma precoce, as chances de cura são bem maiores do que na doença avançada. […] Para este tumor oncológico, podemos alcançar 95% de chances de cura se detectarmos no início”, fala o médico.
Ramon Andrade de Mello também deixa o alerta: “Conscientizar a população a respeito desse tipo de doença é fundamental, pois assim as pessoas ficam mais atentas e conseguem procurar os serviços de saúde mais precocemente. Se atrasar o tratamento, as chances de cura são bem menores”.
Importância do diagnóstico precoce
Ramon de Andrade Mello alerta que, quanto antes descobrir o diagnóstico, mais chances de cura terá o paciente. “Como é uma doença que acomete grande parte da população mundial, sabemos que o diagnóstico precoce pode favorecer os resultados de sobrevida desses pacientes. Quanto mais cedo a gente consegue identificar o problema, mais fácil é de tratar e conseguir a cura”, diz.
Segundo o médico oncologista, a doença ocorre de forma silenciosa. “No entanto, em alguns pacientes pode acontecer sinais inespecíficos como perda de peso não explicada e sangramento nas fezes. Nesse caso, é sempre importante procurar um médico para investigar a causa”, explica.
Conscientizar a população a respeito desse tipo de doença é fundamental, pois assim as pessoas ficam mais atentas e conseguem procurar os serviços de saúde mais precocemente. Se atrasar o tratamento, as chances de cura são bem menores”
Ramon Andrade de Mello, médico oncologista
Para todos os brasileiros, sempre vale lembrar que é imprescindível a visita anual ao médico para fazer um check-up geral. Além disso, para os pacientes que tenham alguma predisposição ou tenham sintomas como sangramento nas fezes, diarréia, intestino preso e dor abdominal, é indispensável fazer uma colonoscopia anualmente, se necessário.
A colonoscopia é o exame mais importante para a verificação da saúde do cólon e reto e, por ela, é possível chegar ao diagnóstico do câncer colorretal.
Tratamento e prevenção
Em caso de diagnóstico precoce, portanto, o câncer de cólon tem grande chance de cura. O médico Ramon Andrade de Mello pontua que existe a possibilidade da cirurgia, “mas não é garantido que a doença não possa voltar”. “Para tratar este tipo de câncer, existem várias opções, como quimioterapia, terapia alvo, imunoterapia e cirurgia”, explica.
Quem vai orientar e acompanhar o tratamento é o médico oncologista clínico, que conta, também, “com uma equipe multidisciplinar (que envolve cirurgião, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas)”. Ainda, Ramon Andrade de Mello alerta: “Após o tratamento, é preciso fazer um acompanhamento especializado com o médico oncologista clínico para identificar precocemente a recidiva e determinar as abordagens mais adequadas”.
Agora, para prevenir o câncer de cólon, uma das maneiras mais práticas, segundo explica o médico, é adotar “um estilo de vida saudável, com alimentação rica em fibras, frutas e verduras, bem como atividade física regular e controle da obesidade”.
Fatores de risco
O câncer de cólon é um tumor maligno que afeta o aparelho digestivo e ocorre na região do intestino grosso (cólon) e/ou reto/ânus. O diagnóstico leva esse nome devido à localização desse tipo de neoplasia, definida como um tumor que ocorre pelo crescimento anormal do número de células.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, filiada à Associação Médica Brasileira, “como o câncer é uma doença multifatorial e tem, entre seus causadores, a predisposição genética, não existe uma conduta que garanta 100% a sua prevenção”. Mas, a instituição afirma que: “Ao evitar os fatores de risco, a possibilidade de desenvolver o câncer colorretal fica menor”.
Por essa razão, é imprescindível estar atento aos fatores de risco que são, principalmente:
- Má alimentação (dietas gordurosas, hipercalóricas, pobres em fibras e com excesso de carne vermelha ou alimentos ultra processados);
- Constipação intestinal (distúrbio que dificulta a evacuação);
- Pólipos (crescimento anormal de tecido nas paredes colorretais, são como uma espécie de verrugas);
- Histórico familiar (quando outros parentes já tiveram o diagnóstico);
- Doenças inflamatórias (doença de Crohn e colite ulcerativa);
- Doenças hereditárias (mutações genéticas que causam a doença). Sobre os fatores de risco, o médico explica: “Normalmente, a causa está relacionada ao tipo de alimentação (produtos ultra processados), abuso de bebidas alcoólicas e obesidade. Células benignas do cólon, após receber contínuos estímulos carcinogênicos, começam a se multiplicar de forma desregulada, causando a neoplasia”.
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