Um drink tipicamente brasileiro, a caipirinha possui controvérsias quanto a sua origem. No entanto, é quase unanimidade entre os historiadores que tenha sido criada na região do interior de São Paulo por fazendeiros latifundiários no século XIX. Inicialmente, a bebida era servida em eventos festivos da alta sociedade ou de negócios em que os próprios fazendeiros se reuniam para vender e comprar terras e cabeças de gado. Com o tempo, ela caiu no gosto popular devido ao baixo custo dos ingredientes de seu preparo.
O Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) apresenta outra versão sobre essa origem: a caipirinha surgiu como uma bebida despretensiosa e derivada de um coquetel com fins medicinais, que levava mel, alho e limão, na época da gripe espanhola, e o álcool era adicionado para acelerar o efeito da mistura. Os ingredientes foram sendo substituídos com o tempo até chegarmos à combinação tradicional: cachaça, limão, água, açúcar e gelo, ideal para refrescar o corpo do calor tropical característico do Brasil.
Caipirinha, Caipiroska e Sakêrinha
A versão tradicional da caipirinha ganhou outras formas de preparo, adaptando-se à criatividade dos brasileiros que trouxeram influências de bebidas de outros países para diversificar a receita, como a Caipiroska e a Sakêrinha.\
No caso da Caipiroska, a cachaça tradicionalmente usada na receita original é substituída pela vodka, bebida destilada descoberta na Rússia e que caiu no gosto dos brasileiros ao chegar aqui na década de 1960. Isso porque o gosto forte da cachaça não é unanimidade entre os consumidores, e o limão harmoniza muito bem com bebidas “quentes” e de alto teor alcoólico.
A Sakêrinha segue a mesma lógica de substituição do ingrediente alcoólico da clássica caipirinha: troca-se a cachaça pelo saquê, uma bebida feita à base de arroz, mais suave e com teor alcoólico mais baixo se comparado à cachaça e à vodka. Muito conhecida no sul do Brasil, o saquê é milenar e de origemjaponesa. Estima-se que ela tenha surgido no século IV quando o país passou a cultivar arroz abundantemente e iniciou a produção da bebida – basicamente da fermentação da água e do arroz.
A caipirinha padronizada por lei
Em 2009, o então presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assinou assinou um decreto que padronizou a receita da bebida:
“§ 5º A bebida prevista no caput, com graduação alcoólica de quinze a trinta e seis por cento em volume, a vinte graus Celsius, elaborada com cachaça, limão e açúcar, poderá ser denominada de caipirinha (bebida típica do Brasil), facultada a adição de água para a padronização da graduação alcoólica e de aditivos.”
— Decreto nº 6.871
Petiscos que combinam
Engana-se quem acredita que a cerveja é a bebida mais pedida nos bares e restaurantes; a caipirinha também é uma das campeãs, principalmente quando o assunto é acompanhar os tira-gostos. A dúvida que surge é: quais são os petiscos ideais para acompanhar a caipirinha?
Assim como a bebida, os tira-gostos sugeridos são os tipicamente brasileiros, como o torresmo, a panceta, os pasteizinhos e os espetinhos de carne, as coxinhas de frango com massa de mandioca e as linguiças grelhadas. Uma opção não tão corriqueira, porém deliciosa, é o queijo coalho escaldado no mel.
Cachaça amarela ou branca: qual a melhor?
Muitas pessoas acreditam que apenas a cachaça amarela pode ser usada no preparo do drink, mas isso é um grande mito. Ambas as cachaças – branca ou amarela – podem ser usadas na receita da caipirinha clássica, e o que as difere é a intensidade no sabor e aroma por conta do formato de produção de cada uma delas. Em geral, a cachaça branca não passa pelo processo de envelhecimento, e o aroma e sabor são bem mais amenos. No caso da cachaça amarela, existe, sim, o processo de envelhecimento do destilado em madeiras que transpõem maior aroma e sabor, além da coloração amarelada. Esta versão possui as características mais puras da cachaça, e, por esse motivo, as pessoas consideram a cachaça amarelinha a mais apropriada na preparação da caipirinha. Por outro lado, é possível encontrar branquinhas de alta qualidade e que também harmonizam perfeitamente com o drink.
A forma correta de beber
Outra questão interessante a ser destacada é a forma de consumo da bebida. As caipirinhas tradicionais são drinks considerados fortes, pois a quantidade de álcool em relação aos demais ingredientes é maior. Por conta disso, é uma bebida que requer uma ingestão mais lenta e focada na degustação da combinação de cada um dos ingredientes. Apreciar o drink lentamente faz você perceber, a cada gole, a presença da cachaça, o que dificulta que você beba em excesso, evitando a alcoolização e, posteriormente, uma possível ressaca.
Como servir a caipirinha
O copo mais apropriado para servir o drink é o Old Fashioned, que conta com a boca um pouco mais larga que sua base. Além disso, não se pode esquecer do canudo e do guardanapo que acompanham o drink na hora de servir.