Esqueça a Bahia das praias e do calor o ano inteiro. A 509 quilômetros de distância da capital baiana, Salvador, a encantadora e peculiar cidade de Vitória da Conquista, na região sudoeste (centro-sul) do estado, apresenta, em boa parte do ano, um clima frio e seco, com temperatura média anual de 20 0C. No inverno, os termômetros podem registrar mínimas entre 9 oC e 15 oC, tendo como fator determinante a altitude média de 923 metros. Em alguns pontos da cidade, como a Serra do Periperi, ao norte do núcleo urbano, atinge-se 1,1 mil metros acima do nível do mar.
Vitória da Conquista é a terceira maior cidade da Bahia, com 3.705,838 km² de extensão territorial e população de 343.643 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021 – ficando atrás apenas de Salvador e de Feira de Santana –, e a quinta maior do interior nordestino. De acordo com o Índice de Desafios da Gestão Municipal, elaborado este ano pela consultoria Macroplan, Vitória da Conquista aparece como a melhor cidade para morar na Bahia e a segunda no Nordeste, atrás apenas da pernambucana Petrolina. O município ficou em 51º lugar no ranking nacional, com uma taxa de 0,639 em uma escala que vai até 1.000, levando em conta quesitos como educação, saneamento, saúde e segurança.
A cidade tem um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 6,2 bilhões, o que corresponde a 2,41% do PIB total do estado. Os principais setores que contribuem com a economia de Vitória da Conquista são comércio e serviço, que representam 82% do PIB. Um dos destaques na pecuária é a produção de rebanhos de equinos. O município tem 5.806 animais no total e possui o maior rebanho na Bahia. A região de Planalto da Conquista, que tem como principal polo Vitória da Conquista, também é conhecida como uma das quatro grandes áreas produtoras de café na Bahia, alcançando o mercado internacional em países como Estados Unidos, Japão e toda a União Europeia.
A ocupação de Vitória da Conquista
Neste mês de novembro, Vitória da Conquista comemora 181 anos de fundação. Conhecida anteriormente como Arraial da Conquista, a área foi desbravada pelo sertanista português João Gonçalves da Costa desde a década de 1780, na tentativa de ocupar urbanisticamente e expandir a integração entre a região litorânea e o sertão baiano. Outro objetivo era a exploração de metais preciosos que abundavam na região, principalmente o ouro. Em maio de 1840, o Arraial foi elevado à vila e freguesia, recebendo o nome de Imperial Vila da Vitória, confirmando sua instalação em novembro do mesmo ano.
Se algumas décadas antes, a vila não passava de uma pequena reunião de não mais que 60 habitações e uma igreja, nesta época, este número já havia se multiplicado, com a chegada de sertanejos e litorâneos à região. As matas foram derrubadas para dar lugar aos pastos e o Arraial virou passagem para o gado trazido pelos tropeiros de Minas Gerais que iam em direção ao litoral.
A então Imperial Vila da Vitória passou à categoria de cidade, recebendo o nome de Conquista, sendo rebatizada em dezembro de 1943, através da lei estadual nº 141, para o atual nome de Vitória da Conquista. Assim, o comércio passou a se expandir como importante atividade econômica local, graças à abertura das estradas Rio-Bahia (BR-116) e Ilhéus-Lapa. O território onde hoje está localizada Vitória da Conquista foi habitado pelos povos indígenas Mongoiós e Pataxós, que se espalhavam pela extensa área conhecida como Sertão da Ressaca, que vai das margens do alto Rio Pardo até o Rio das Contas.
Da música à peregrinação
A área cultural e turística de Vitória da Conquista é reconhecida como uma das mais importantes do interior do Nordeste. Realizado desde 2005, o Festival de Inverno Bahia (FIB) é considerado a versão de inverno do Festival de Verão Salvador. O festival tem como palco o Parque de Exposições Teopompo de Almeida e é responsável por levar grandes nomes da música brasileira para Vitória da Conquista, com a presença de público de toda a Bahia e de estados vizinhos. A próxima edição do Festival de Inverno está prevista para acontecer de 26 a 28 de agosto de 2022, após dois anos sem o evento por causa da pandemia de Covid-19.
Outro evento cultural de grande porte da cidade é o São João e suas festas juninas. Batizada desde 2009 de Forró de Serra do Periperi, a festa é realizada no Centro Cultural Glauber Rocha e tem duração de uma semana. Nela, apresentam-se artistas e bandas de forró e sertanejo, além de possuir barracas com comidas típicas, brincadeiras e danças. Ainda fazem parte da programação o Festival de Quadrilhas, o Concurso de Ruas Ornamentadas e o Festival de Forró. Toda a programação é gratuita.
Além dos eventos culturais, Vitória da Conquista tem pontos turísticos importantes e que carregam parte da história da cidade. Um dos monumentos mais interessantes é o Cristo Crucificado, do artista plástico baiano Mário Cravo. Situado no alto da Serra do Periperi, o Cristo conta com feições de um sofrido homem nordestino e sua elaboração teve como intuito lembrar a situação econômica e social da população sertaneja. A obra, com 33 metros de altura, é feita de fibra de vidro e foi inaugurada em novembro de 1980.
O Parque Municipal da Serra do Periperi, aliás, é o principal núcleo ecológico da região de Vitória da Conquista. Unidade de Conservação com cerca de 1.300 hectares de área e 15 quilômetros de extensão, o parque destaca-se pela fauna e flora tipicamente regionais, tendo entre as espécies o cacto Melocactus conoideus, que está ameaçado de extinção.
É na área do parque que está a Reserva Florestal do Poço Escuro, uma área de mata ciliar com 17 hectares, muito utilizada como espaço de lazer, preservação, conhecimento e turismo. O Poço Escuro foi preservado desde a origem do Arraial da Conquista e, para os interessados em desbravar o local, há monitores e guias especializados, com o agendamento sendo feito na Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma)
A Serra do Periperi também é conhecida por ser um caminho para peregrinos que treinam para a trilha do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. O percurso no sudoeste baiano é reduzido. Em vez dos 700 quilômetros em 30 dias, o Caminho de Santiago do Periperi, a versão reconhecida pelo governo espanhol, tem cerca de 20 quilômetros e pode ser completada em apenas um dia.
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