Acessível somente de barco ou de avião, São Gabriel da Cachoeira fica a 850 quilômetros de Manaus, é um destino que faz fronteira com a Colômbia e a Venezuela. O município se destaca por abrigar 23 etnias indígenas, possuindo 90% da população composta por índios e descendentes. Apesar de longínqua, a cidade é emoldurada por muitas belezas naturais como a floresta Amazônica e suas imponentes serras e as corredeiras do Rio Negro, além de praias fluviais de areias branquinhas e cachoeiras. São Gabriel é também o principal acesso para o pico da Neblina, o ponto mais alto do Brasil, a 3.014 metros de altitude.
A cultura local é um dos grandes atrativos. Distribuídos em povoados, os indígenas são os responsáveis por produzir um rico artesanato admirado no Brasil e no exterior. As peças são encontradas na sede da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (FOIRN) onde estão, ainda, publicações relativas aos povos e fotos históricas.
Os turistas têm ainda a possibilidade de visitar algumas aldeias, como a dos Tucanos, a dos Ianomâmis e a dos Baniwas. No entanto, pelo fato de ainda serem mantidos os costumes primitivos, os passeios só podem ser realizados com autorização da Funai (Fundação Nacional do Índio). A viagem é feita em voadeiras – barcos com motor de popa – e duram entre 6 e 12 horas.
O turista que vista São Gabriel da Cachoeira tem ainda a oportunidade de “ver” a Linha do Equador, no quilômetro 25 da BR-307. Na estrada, uma placa e um bloco de concreto revelam onde passa a linha imaginária que divide o planeta Terra em dois hemisférios.
Nas águas do Rio Negro
Partindo da praia, é possível chegar a duas pequenas ilhas localizadas em frente à cidade: a Ilha do Sol e a Ilha da Brigada (também conhecida como Ilha da Juíza), que também revelam belíssimas praias durante a vazante do rio. Na Ilha do Sol, um simples e charmoso restaurante em formato de palhoça se revela uma excelente opção gastronômica, onde é possível saborear um delicioso peixe frito bem às margens do Rio Negro.
Aliás, o Rio Negro em São Gabriel é bem diferente daquele visto em Manaus. Nessa parte da Amazônia, com a aproximação do Planalto das Guianas, o rio se estreita e diversas rochas surgem em seu leito. Assim, as águas calmas que se veem na capital amazonense se transformam em perigosas corredeiras. Essa combinação de areia branca, enormes rochas e águas violentas tornam as praias de São Gabriel únicas na Amazônia.
Para admirar todas essas belezas do alto, a melhor opção é ir ao topo do Morro da Boa Esperança, localizado no centro da cidade. Durante a subida, que leva em torno de 30 minutos, há diversos painéis de azulejos representando a Via Crúcis de Jesus Cristo, culminando num pequeno altar. Lá em cima, embora a vista fique parcialmente coberta pela vegetação, é possível admirar São Gabriel e a imensidão verde da floresta que a cerca, entrecortada por serras e emoldurada pelo Rio Negro.
Ao final do dia, nada melhor do que ir até as ruínas do antigo Forte de São Gabriel, localizadas no pequeno Morro da Fortaleza. Da construção erguida no século XVIII restam apenas as trincheiras e os alicerces, mas é no alto de uma caixa d’água construída no local que se encontra a melhor vista do entardecer na cidade, com o sol tranquilamente desaparecendo por trás da Serra do Cabari, outra bela e imponente formação rochosa.
Adrenalina
Entre as principais atrações de São Gabriel está o Parque Nacional do Pico da Neblina, sendo a cidade o ponto de partida para quem deseja chegar ao ponto mais alto do Brasil. A viagem, entretanto, é bastante longa e complicada, levando vários dias de carro, de barco e finalmente de caminhada até atingir o topo. Além disso, o Parque Nacional do Pico da Neblina encontra-se sobreposto à reserva indígena dos Yanomami, sendo necessária uma permissão dos índios para entrar. Na cidade, é possível obter informações sobre como fazer essa excursão. Além das elevações, como o pico que dá nome à área e o pico 31 de Março (com 2.992 metros de altura), também chamam a atenção as variadas espécies da flora e da fauna ali presentes.
No entanto, São Gabriel também conta com outros roteiros para aqueles que buscam adrenalina. Ainda falando em escaladas, o turista pode escolher entre subir até o topo da Bela Adormecida ou escalar a menos conhecida Serra da Ariranha, ambas localizadas às margens do Rio Negro. Se preferir, pode ainda ir até o distrito de Cucuí, seguindo literalmente até o fim (ou melhor, o início) do Rio Negro em terras brasileiras. Lá está localizada a espantosa Pedra de Cucuí, um monte rochoso com 462 metros de altura cujo formato lembra o rosto de uma mulher e de onde é possível avistar, longe no horizonte, o Pico da Neblina.
Outro acidente geográfico bastante peculiar em São Gabriel é o Morro dos Seis Lagos. Localizado a 70 km ao norte da sede do município, esta reserva biológica chama a atenção por abrigar lagos que possuem cada um uma coloração diferente, fenômeno resultante da grande quantidade de minérios que existe em seu subsolo. Dentre eles, o mais impressionante é sem dúvida o Lago Verde, que além da belíssima cor ainda oferece uma ótima visão panorâmica do seu entorno. O Lago do Dragão, com suas águas escuras e margens rochosas de cor avermelhada, e o Terceiro Lago, cujas águas possuem um tom castanho-dourado, também merecem destaque.
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