Com a chegada das festas juninas, o forró, o xote e o baião recebem mais atenção dos brasileiros — e o que não faltam são músicas de Dominguinhos
Junho é tempo de bandeirolas coloridas, arroz-doce, quentão, milho, pipoca, quadrilha e, claro, o tradicional forró — ritmo que embala as amadas festas juninas, que acontecem nas mais diversas regiões do Brasil. O mês é muito especial para os brasileiros por conta dessa típica festividade, que celebra, principalmente, Santo Antônio, São João e São Pedro, e movimenta todo o território nacional.
Embora as celebrações tenham seu ponto alto nos dias de Santo Antônio (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho), elas agitam o país ao longo de todo o mês de junho — inclusive, as festividades típicas são tantas que seguem acontecendo em julho em diversas cidades. E todas essas tantas festas são embaladas pelo forró e por canções tradicionais de artistas como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, entre muitos outros.
No balanço do forró
De origem nordestina, mais especificamente pernambucana, o forró passou a ser diretamente relacionado ao período das festas juninas e se tornou uma manifestação artística tradicional da festividade. Por essa razão, inclusive, mestres do gênero e grandes representantes do estilo, como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, fizeram história animando as muitas celebrações do mês de junho.
Segundo grande parte dos estudiosos do tema, o forró é uma herança africana incorporada à cultura brasileira. Ele surgiu em Pernambuco com os bailes forrobodó, e a música foi originada no século XIX para representar o homem sertanejo. Inicialmente, a manifestação era restrita a algumas regiões do Nordeste e chegou a outros lugares do Brasil apenas anos depois.
Conforme relata a Agência Brasil, o primeiro registro musical do gênero aconteceu em 1937 com a canção “Forró na Roça”, composta por Manoel Queiróz e Xerém. No entanto, foi apenas na década de 1950 que Luiz Gonzaga popularizou o estilo em todo o território nacional.
Marcado pela presença de instrumentos como zabumba, triângulo e sanfona, o ritmo do estilo, que é subdividido em diversos gêneros (Xote, Baião, Xaxado, Arrasta-pé, entre outros), é encantador e sabe como não deixar ninguém parado. Tipicamente nordestino, o forró foi sendo inserido como uma tradição junina e passou a ser o principal gênero escolhido para as festividades de junho, especialmente no Nordeste.
A figura de Dominguinhos
Graças ao seu talento e à sua grandiosidade, Dominguinhos (José Domingos de Morais) conquistou o coração dos brasileiros e suas canções são constantemente revisitadas, principalmente durante o período de festas juninas. Em julho, faz dez anos da morte do sanfoneiro, mas seu legado segue vivíssimo. Afinal, foram mais de 50 anos de carreira, constituída por muitas composições e interpretações que são sucesso em todo o Brasil.
O mestre do instrumentista foi o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Acompanhado de seu pai, Mestre Chicão, Dominguinhos procurou Gonzagão no Rio de Janeiro em 1954 e foi convidado para acompanhá-lo em seus ensaios, shows e gravações, além de receber uma sanfona de presente. Pouco depois, ficou conhecido como “Neném do Acordeão” e começou sua experiência com as apresentações ao vivo em bares, churrascarias e boates.
Em 1957, foi o próprio Gonzaga que rebatizou o sanfoneiro com o nome artístico de Dominguinhos. No mesmo período, o então jovem artista fez a sua primeira gravação profissional. Junto de seu padrinho artístico, tocou sanfona na canção “Moça de feira”. Dez anos depois, o sanfoneiro passou a ser um dos integrantes do grupo de Gonzaga, ganhando mais reconhecimento como músico e arranjador.
Pernambucano de Garanhuns, Dominguinhos se tornou um personagem importante na história dos festejos juninos. Para a sua discografia, inclusive, lançou os discos “Festa Junina por Dominguinhos” vol. 1 e vol. 2 com os principais hits que embalam as festas do mês de junho.
Legado de Dominguinhos
Dominguinhos será sempre lembrado e celebrado por inúmeros artistas e fãs de música, especialmente os apaixonados por forró. Considerado o maior sanfoneiro do Brasil, o cantor é um dos músicos mais importantes da música brasileira e ultrapassou barreiras, impactando eternamente a cena musical nacional.
Por conta de toda a sua influência e importância na música brasileira, muitos artistas fazem acenos (diretos ou indiretos) ao legado deixado pelo cantor e compositor pernambucano. Um exemplo é Mestrinho, grande sanfoneiro da nova geração, que foi um dos músicos “apadrinhados” por Dominguinhos.
Mestrinho usa sua carreira para homenagear e memorar esse ilustre representante do gênero musical. Na sua discografia, fez diversas versões de faixas de autoria do seu “padrinho artístico”, como “Sete Meninas”, “Nilopolitano”, e muitas outras. Ainda, com frequência, o sanfoneiro realiza shows dedicados ao seu grande mestre.
Além dos artistas, as festas juninas, é claro, também trazem o legado de Dominguinhos para os holofotes. Ao longo de todo o mês de junho, as festividades celebram essa discografia tão marcante para a música brasileira, e o que não faltam são canções interpretadas e compostas pelo sanfoneiro.
Surgimento das festas juninas
Segundo historiadores, as festividades juninas chegaram ao Brasil durante a época da colonização como parte das tradições festivas dos jesuítas portugueses, mas se fundiram com outros costumes nativos do país.
Aos poucos, as festas juninas foram adaptadas às múltiplas culturas que se manifestaram no país. Assim, por conta das diversas influências, a celebração reúne, principalmente, tradições dos jesuítas portugueses, dos indígenas e dos caipiras.
As festividades juninas são tão amadas pelos brasileiros que são consideradas a segunda maior celebração do país, ficando atrás apenas das comemorações de Carnaval, segundo a Agência Brasil. E o Nordeste é o responsável por sediar as principais e mais tradicionais festas juninas, as quais, não à toa, estão entre as maiores expressões culturais da região.
Clássicos de Dominguinhos
- Eu Só Quero Um Xodó (Composição em parceria com Anastácia)
- Lamento Sertanejo (Composição em parceria com Gilberto Gil)
- Eu Vou de Banda (Composição em parceria com Anastácia)
- Isso Aqui Tá Bom Demais (Composição em parceria com Nando Cordel)
- Sete Meninas (Composição em parceria com Toinho Alves)