Seguindo os passos do pai na música, Tauã Cordel realizou a gravação de um DVD no início do ano em Fernando de Noronha
Filho de peixe, peixinho é. São vários os exemplos de filhos que acabam seguindo a mesma carreira que os pais e no mundo da música isso não é diferente. No caso de Tauã Cordel, a inspiração vinda do pai o levou a produzir um DVD na ilha de Fernando de Noronha.
Natural de Recife, mas com uma ligação muito grande com Fernando de Noronha desde a infância, Tauã é filho de Nando Cordel, compositor que já teve mais de 500 músicas gravadas por grandes artistas da música brasileira. Elba Ramalho, Ivete Sangalo, Xuxa, Chico Buarque, Martinho da Vila e Dominguinhos são alguns exemplos.
Inspirado pelo pai e promovendo uma mescla de diversos gêneros musicais, Tauã Cordel gravou neste início de ano um DVD em Fernando de Noronha, com participações especiais das bandas Eva e Maneva, e os artistas Gabriel Elias e Buiu, além do próprio Nando Cordel.
Em entrevista à revista de bordo da Voepass, Tauã falou sobre a gravação, o início da carreira e os planos para o futuro na música.
Quando você decidiu que queria entrar para o mundo da música, como o seu pai?
Tauã: Foi meio natural. O meu pai é um compositor muito famoso, fez muita música de novela, então eu vivia viajando com ele e encontrando outros grandes nomes da música, como: Xuxa, Gilberto Gil, Ivete Sangalo. Então, vivendo nesse mundo, foi meio natural. Mas o meu início mesmo foi em 2006, quando surgiu uma turnê nos Estados Unidos, e meu pai reuniu eu e meus irmãos e disse que não poderia levar a gente, porque nós não tocávamos. Era a banda ou filhos, mas que se a gente quisesse ir, tinha um mês para aprender as músicas. Eu já tocava bateria, minha irmã tocava baixo e o outro irmão percussão. Aí a gente se juntou e ficou ensaiando de manhã, tarde, noite e madrugada. Depois de 1 mês, conseguimos mostrar que estávamos bons e viajamos para os EUA para tocar. Eu tinha 16 anos e esse foi o meu início profissional.
Você gosta de mesclar diferentes estilos musicais. Como você classificaria a sua música?
Tauã: Hoje o meu estilo tá muito único. Eu faço uma MPB com forró e reggae. Até brincaram outro dia que é uma “Tropical Music”. Mas no geral, eu faço essa combinação, porque é muito da minha essência, a MPB e o forró por causa do meu pai e o reggae, porque eu amo praia e surf. Acabou ficando algo bem tropical mesmo.
Como surgiu essa oportunidade de começar a tocar em Fernando de Noronha? Era um lugar que você já visava?
Tauã: Eu estou há mais de 12 anos convivendo na ilha, pois eu tenho negócios aqui. Noronha foi a grande abertura para eu aprender a cantar e me desenrolar no palco. Antes eu não cantava, eu só tocava bateria. Mas pelo fato do meu pai ser muito famoso, principalmente aqui no Nordeste, eu ia nos lugares e o pessoal me chamava para cantar. Aí eu fui cantando e fui pegando canja de palco. Fiz uma banda com os meus irmãos primeiramente, depois a banda se dissolveu e eu comecei a carreira solo. Nisso eu estava querendo gravar alguma coisa e meu estilo e a minha vibe é muito Noronha, então tinha que ser aqui. Só que é muito difícil gravar em Noronha por causa da logística, então nunca tinha tido uma oportunidade real, até que em novembro tudo começou a convergir para gravar um clipe, que posteriormente virou um DVD. Corremos para conseguir a licença, trazer os convidados e tudo foi produzido em menos de um mês.
Como foi essa gravação e o quanto a presença desses convidados agrega ao seu conteúdo?
Tauã: Nos bastidores foi uma loucura, pois produzir em Noronha é muito difícil. Fazer isso no fim de ano é duas vezes mais difícil. Mas a ideia era trazer a essência de Noronha nesse álbum, do que a gente vive aqui. Foi tudo muito mágico, todo mundo que participou mandou mensagem depois falando que foi inexplicável o que aconteceu, com uma energia e uma vibe muito boas. Os convidados que eu trouxe são meus amigos pessoais, amigos da música, e todo mundo veio de coração aberto. Foi tudo muito genuíno. Trazer Banda Eva, Maneva, Gabriel Elias e o meu pai, que inclusive foi o mais difícil de fazer sair de casa, foi algo mágico. A gente continuou cantando mais 4 horas depois de terminar a gravação sem compromisso nenhum, parecendo uma confraternização. Parecia que o ano de fato estava iniciando naquele dia.
De todas as cidades que você já visitou, qual foi a que você mais gostou de tocar?
Tauã: É muito difícil responder isso. Cada cidade tem o seu momento. Então eu não sei dizer o melhor. O Brasil é um país muito caloroso, então todas as cidades que estão com a vibe lá em cima, com pessoas felizes, é sempre incrível.
Em 2023, suas músicas somaram mais de 620 mil reproduções no Spotify em 109 países. Como você avalia esses números?
Tauã: Os números foram muito satisfatórios, pois não temos uma grande gravadora. Nosso projeto é independente, temos conta com um empresário, mas sem a força de um grande escritório. Nosso trabalho é todo orgânico, então nossos números são reais. Eu prefiro ter esse número real de pessoas que estão ouvindo a gente do que simplesmente aumentar artificialmente. O Spotify e essas plataformas permitem que artistas menores cheguem a lugares que nunca chegariam pelas vias naturais. A internet tem esse poder de nos deixar na vida das pessoas, muitas vezes sem elas entenderem no primeiro momento.
Quais os seus planos para 2024?
Tauã: Vamos focar nesse álbum de Noronha, que foi muito especial. Em 2024, vamos lançando de duas em duas músicas, então teremos divulgações até o próximo verão. Queria agradecer muito a Voepass também pelo apoio que me deram, pois se não fosse ela, eu não conseguiria cumprir logisticamente essa gravação.