Se há um lugar que pode ser chamado de paraíso, é Fernando de Noronha. O arquipélago, localizado a 540 quilômetros de Recife, capital de Pernambuco, tem praias de mar cristalino, paisagens naturais deslumbrantes, biodiversidade riquíssima, clima tropical o ano inteiro e monumentos históricos, além de ser um dos melhores pontos de mergulho da costa brasileira.
Em recente eleição realizada entre os editores da revista americana especializada Condé Nast Traveler, Fernando de Noronha foi escolhida como a melhor ilha das Américas Central e do Sul na premiação anual “Readers Choice Awards”, que há mais de três décadas elege anualmente o melhor do turismo mundial. Para o júri, Noronha é a ilha que oferece a “melhor experiência de viagem da região”.
O interesse em conhecer de perto as belezas do arquipélago tem crescido, com o número de turistas chegando ao ápice em 2021. De acordo com números divulgados pela administração local, Fernando de Noronha foi o destino de 114 mil pessoas, o maior fluxo de visitantes da história da ilha.
Parque nacional
Em 1988, após a ilha voltar a ser administrada pelo governo de Pernambuco – depois de um período sob o comando do governo federal -, a maior parte de território de Fernando de Noronha foi declarada parque nacional. Criado por meio do decreto 96.693 com o objetivo de valorizar os recursos naturais da região e proteger o ecossistema, o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha tem mais de 10 mil hectares.
Sua gestão está atualmente a cargo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e, desde 2001, o parque é reconhecido como patrimônio natural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Para ter acesso ao parque, o turista precisa pagar a taxa do ingresso de R$ 358 (brasileiros têm desconto de 50%). O passe é válido por dez dias após a compra física – realizada ao desembarcar na ilha – ou a partir da previsão de viagem informada ao efetivar o cadastro e o pagamento no site tickets.parnanoronha.com.br
O ingresso para o parque não é vendido no aeroporto, então o turista precisa comprá-lo no Centro de Visitantes ou em algum Posto de Informação e Controle (PIC). Crianças menores de 12 anos e brasileiros acima de 60 anos são isentos do pagamento, mas também precisam fazer o cadastramento para a retirada do bilhete.
Praias dentro do parque
Eleita diversas vezes como a praia mais bonita pelo site internacional de viagens Trip Advisor, a Praia do Sancho é cercada por um enorme paredão de rochas tem areias claras e águas cristalinas. O acesso até ela é um pouco complicado, sendo possível apenas pelo mar ou por uma escadaria criada no meio de uma fenda na pedra, mas o cenário é recompensador.
O Sancho é um das praias mais visitada pelos turistas, que aproveitam para, com a utilização de um snorkel, observar várias espécies de peixes e tartarugas. Na parte alta do paredão de pedras, estão alguns mirantes, ideais para admirar de cima a praia do Sancho e a vizinha Baía dos Porcos. Também dona de um mar de águas transparentes, a praia da Baía dos Porcos também tem vida marinha fascinante, além de ter uma vista inigualável para o Morro Dois Irmão, uma formação rochosa que é símbolo da natureza noronhense.
Repleta de piscinas naturais, a Praia do Atalaia é moradia para peixes coloridos, recife de corais e vários tubarões. Para chegar até a praia, é preciso agendar uma trilha no centro de visitantes do parque. Realizada em grupo, durante a maré baixa, a caminhada leva até a piscina natural, mas o mergulho tem tempo limitado para preservar o ecossistema.
A rica vida marinha pode ser contemplada ainda em outras praias dentro do parque nacional. É na Praia do Leão, por exemplo, que acontece a desova das tartarugas marinhas ameaçadas de extinção. Esse verdadeiro ritual da natureza acontece durante a madrugada e é acompanhado pelos biólogos do Projeto Tamar.
Já a Baía dos Golfinhos é uma área destinada a observação desses animais, principalmente pelos biólogos do Projeto Golfinho Rotador, que fazem a contagem diária de quantos animais passaram pela praia. O acesso é feito por barco, momento em que é possível se aproximar consideravelmente dos golfinhos, mas não é permitido nadar na área. Ainda dentro do parque, a Praia da Baía de Sueste também encanta os visitantes com seus paredões de pedra e mar calmo.
Praias fora do parque
O Morro Dois Irmãos também é a vista de quem vai até à Praia da Cacimba do Padre, maior praia do chamado “mar de dentro” – que é a parte do arquipélago voltado para o continente –, com 900 metros de extensão. A Cacimba é considerada o melhor ponto de surfe de Fernando de Noronha, e, durante o Verão, as ondas podem alcançar até cinco metros de altura.
Ao lado está a Praia do Bode, uma das mais bonitas e intocadas do arquipélago, com um clima de praia deserta. De água cristalina, a do Bode é ideal para tomar banho de mar e praticar snorkel, além de ter imponentes paredões de pedra, assim como a Praia do Sancho.
Muito utilizada como ponto de partida para embarcações que excursionam pela ilha, a Praia do Porto Santo Antônio tem acesso fácil, sem a necessidade de seguir trilhas pelo mato. O lugar oferece uma excelente estrutura de bares e restaurantes e um ponto de aluguel de equipamentos para mergulho.
Próxima da Vila dos Remédios, principal centro urbano de Noronha, a Praia do Cachorro encanta pela sua paisagem. Para chegar até ela, basta descer uma escada, e, durante o período de maré baixa, é possível conhecer as piscinas naturais Buraco do Galego e Lasca da Velha.
Ao lado está a Praia do Meio, muito próxima à vila e uma ótima opção para quem não quer caminhar muito para relaxar à beira-mar. Vizinha desta fica a Praia da Conceição, onde está o Morro do Pico, cartão-postal do arquipélago. Uma das prediletas de moradores e turistas, a praia tem mais de um quilômetro de extensão e conta com bares e barracas na faixa de areia.
Localizada no lado da ilha voltado para o continente, a Praia do Boldró fica a apenas 600 metros de distância da sede do Projeto Tamar. A alguns metros dela, está o Mirante do Boldró, uma das melhores vistas da ilha e de onde é possível observar a Praia do Americano.
Vila dos Remédios e edifícios históricos
O principal núcleo urbano de Fernando de Noronha é a Vila dos Remédios, onde estão os serviços públicos, além de restaurantes, pousadas e lojas. Fundada em 10 de agosto de 1503, a vila tem cerca de 3 mil habitantes, e diversos prédios históricos revelam o passado do vilarejo.
Um dos lugares mais visitados é a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, erguida no século XVIII em honra à padroeira do vilarejo. Tombada como patrimônio histórico nacional em 1937, sua fachada é em estilo barroco. Outra parada obrigatória no centro histórico é o Palácio de São Miguel, um edifício antigo e atualmente sede administrativa da ilha.
As ruínas tombadas do Forte de Nossa Senhora dos Remédios, o antigo presídio erguido no século XVIII, também são de perfil histórico. Construído na parte norte da ilha,
Sobre o ancoradouro na baía de Santo Antônio, foi durante anos a principal estrutura de defesa local. Após ficar seis meses fechados para obras de restauração, o forte foi reaberto para visitação no último mês de dezembro.
Para conhecer mais sobre a história de Fernando de Noronha, o turista tem a opção de ir até o Memorial Noronhense, tradicional espaço cultural da ilha. O espaço recebe diversas exposições artísticas, permanentes e temporárias, inclusive com obras de artistas locais. O edifício abriga, ainda, documentos históricos, geográficos, lendários e institucionais de Noronha.
Curiosidades sobre Noronha
- O arquipélago é formado por 21 ilhas, ilhotas e rochedos de origem vulcânica, cobrindo uma área de 26 km²;
- A ilha foi avistada pela primeira vez em 1500, pelo navegador português que deu nome ao arquipélago;
- O local serviu como presídio durante vários períodos, e foram os presos enviados para lá os responsáveis por levantar várias estruturas existentes na ilha;
- Durante a Segunda Guerra Mundial, Noronha recebeu uma base militar norte-americana, desativada em 1959;
- Noronha é totalmente sustentável e possui viés socioambiental, com ações como proibir a entrada de qualquer tipo de plástico e permitir somente o tráfego de carros elétricos (a partir de 2023);
- Há uma limitação de 560 visitantes por dia que podem desembarcar na ilha. O objetivo é manter a sustentabilidade do lugar;
- A taxa de preservação ambiental (TPA) deve ser paga por qualquer turista que deseja entrar em Noronha. O valor é utilizado para a manutenção de serviços públicos;
- Ninguém nasce em Noronha desde 2004, quando o governo fechou a única maternidade da ilha. Desde então, todas as grávidas precisam deixar a ilha no sétimo mês da gestação;
- Com sete quilômetros de extensão e única rodovia existente em toda a ilha, a BR-363 é a segunda menor rodovia federal do Brasil;
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