Paisagens espetaculares, animais exóticos e bioma diversificado fazem do Delta do Parnaíba o terceiro maior delta oceânico do mundo, um verdadeiro santuário ecológico nesse pedacinho do litoral nordestino. Situado próximo ao município de Parnaíba, no estado do Piauí, divisa com o Maranhão, a região do delta é um dos principais trechos dos 900 quilômetros da Rota das Emoções, roteiro turístico que inclui, ainda, Jericoacoara, no Ceará, e Lençóis Maranhenses, no Maranhão, percorrendo ao todo três estados e 14 municípios.
Chamada de “a capital do Delta”, a cidade de Parnaíba é a porta de entrada para turistas que buscam conhecer as belezas da região. Segunda cidade mais populosa do estado, com 183 mil habitantes, Parnaíba é uma das quatro cidades do litoral do Piauí. A região, localizada entre o Rio Igaraçu e a Serra da Ibiapaba, e habitada por índios da etnia Tremembé, foi desbravada a partir do início do século XVII por bandeirantes e jesuítas. A data oficial de fundação é 14 de agosto de 1844, quando a Vila de São João da Parnaíba foi elevada à categoria de cidade.
Parnaíba recebe em torno de um milhão de visitantes por ano. De acordo com o Governo Federal, a região, pelos seus atrativos históricos e naturais, é considerada ponto turístico devido ao alto número de empregos no setor, de estabelecimentos formais na área de hospedagem e o potencial de fluxo de turistas internacionais.
Santuário ecológico do Delta
Conhecido também como Delta das Américas, por ser o único em mar aberto do continente, o Delta do Parnaíba leva esse nome por causa do Rio Parnaíba, que percorre 1.450 quilômetros desde a Chapada das Mangabeiras, no sul do estado, até desembocar no Oceano Atlântico. Apesar de ter a cidade piauiense de Parnaíba como seu ponto mais notável para os turistas, cerca de dois terços do delta estão em território maranhense.
O delta é um arquipélago com 2,7 mil quilômetros quadrados de área, formado por 73 ilhas. A foz do Rio Parnaíba abre-se em cinco braços, representando as barras de Tutoia, Caju, Igaraçu, Canárias e Melancieira. A paisagem formada é exuberante, com dunas, mangues, lagoas de águas cristalinas e ilhotas repletas de animais e plantas, uma biodiversidade vista em poucos lugares do mundo. Entre as espécies mais destacadas da fauna local – muitas delas em processo de extinção – estão o macaco-prego, os bugios e o jacaré-do-papo-amarelo, aves como a garça, biguá e guará, além de peixes como o quatro-olhos e o camurupim, um raro peixe marinho.
Toda essa natureza faz parte da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, sob a guarda do ICMbio. A unidade de conservação federal foi criada em agosto de 1996 e possui uma área de extensão de mais de 307 mil hectares, abrangendo 10 municípios: Tutoia, Paulino Neves, Araioses e Água Doce (Maranhão), Parnaíba, Ilha Grande, Luis Correia e Cajueiro da Praia (Piauí) e Chaval e Barroquinha (Ceará).
Para fazer o passeio pelo delta, é necessário o acompanhamento de um guia turístico, pois o local tem diversas particularidades e é possível se perder no meio dos labirintos formados pelos igarapés. O passeio mais tradicional pela região tem saída do Porto das Barcas até o Porto dos Tatus, em Ilha Grande. Com duração de seis horas, esse passeio embarcado tem paradas previstas na Ilha dos Poldros para banho de mar e em Morro Branco para conhecer uma duna com mais de 30 metros.
Durante o passeio, é possível observar ainda o encontro das águas do Parnaíba com o oceano, na altura da Baía do Feijão Bravo, um dos mais deslumbrantes cenários do delta, além de apreciar a culinária típica da região, em um almoço regado a peixes e frutas locais. Há opções ainda de passeios noturnos em meio à natureza selvagem, o chamado “safári noturno”.
Conhecer a natureza do delta é uma tarefa incansável. Um bom exemplo de tanta beleza do litoral piuiense é a Ilha das Canárias. Parte da Reserva Extrativista Marinha do Delta do Rio Parnaíba, esse trecho é famoso pela diversidade da vegetação, fauna e flora. Ao todo, são 17 mil hectares de belas praias repletas de dunas e manguezais. Nas Canárias, há alguns pequenos povoados habitados por pescadores e artesãos, e visitar esses vilarejos é uma ótima maneira de conhecer a cultura regional.
A 50 quilômetros de Parnaíba, está a incrível Ilha do Caju, que tem esse nome por causa de seus imensos campos de cajueiro na parte central da ilha. Um dos programas mais legais nessa parte da foz do Parnaíba é a revoada dos guarás ao final da tarde, afinal a região do Delta do Parnaíba reúne a maior concentração desta ave em todo o território brasileiro. As aves têm plumagem de cor avermelhada por se alimentarem de uma espécie de caranguejo da região e fazem um espetáculo no céu ao retornarem para a ilhota que utilizam como dormitório e recanto para fugir de predadores.
O local é refúgio de mamíferos, répteis e aves das mais diversas espécies, pois além dos já citados guarás, há tatus, cotias, tucanos, marrecos, botos e tartarugas. Mesmo sendo um território relativamente pequeno, a Ilha do Caju tem ecossistemas variados, de matas e campos a áreas alagadas de água salgada, mas 25% de sua área é composta por dunas. Na ilha, é possível fazer caminhadas, praticar kitesurf, passear de canoa e caiaque. Uma dica para o visitante é a subida até o mirante, tendo assim uma das mais belas visões panorâmicas do delta.
Praias e demais passeios da região
A beleza ímpar do delta também pode ser observada pelas lindas praias. Uma das mais próximas da cidade de Parnaíba (15 quilômetros de distância), a Praia da Pedra do Sal fica localizada na Ilha Grande de Santa Isabel e é dividida em duas partes, uma de mar mais bravio e outra sem ondas, mais mansa. Mais turístico, o lado bravo recebe praticantes de esportes radicais, enquanto o de águas mansas é mais usado para pescaria e descanso. O parque eólico existente nesse trecho litorâneo é uma grande atração para os turistas.
Considerada a principal praia do litoral piauiense, a Praia do Atalaia possui uma faixa extensa de areia branca e fofa, com quiosques distribuídos por toda a orla. Localizada na vizinha Luis Correia, a Atalaia tem próximo a ela uma ótima infraestrutura de hotéis, pousadas e restaurantes com cardápios próprios para os turistas que querem degustar frutos do mar e caranguejos.
É também em Luis Correia que está a Praia do Macapá, lugar calmo, deserto e pouco conhecido do grande público. Uma curiosidade é que, devido aos fortes ventos que sopram em direção ao continente, a praia pode desaparecer dentro de alguns anos, pois alguns povoados já tem sofrido com o aumento do nível da água do mar.
Na divisa entre Parnaíba e Luis Correia está a famosa Lagoa do Portinho. O local tem como principais atrações os passeios de buggy e barco, caminhadas e as festas com forró ao vivo aos finais de semana. Outras praias de destaque na região são a do Coqueiro e Arrombado, sendo está última o lar da famosa Árvore do Penteado. Esse tamarinheiro de caule entortado é a prova dos ventos fortes na região – e uma parada obrigatória para os turistas fotografarem.
Artesanato regional
Não somente de natureza vive o turismo em Parnaíba. A história da capital do Delta é muito importante para o Piauí e seu conjunto urbanístico é tombado desde 2011 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). São cerca de 800 imóveis divididos em um total de cinco setores. O mais importante e conhecido deles é o Porto das Barcas, uma área com prédios coloridos, pousadas, restaurantes e agências turísticas. O ambiente rústico e de ruas estreitas é um convite para procurar artesanatos pelas inúmeras lojinhas da cidade.
Já em Ilha Grande, município encostado em Parnaíba, está a Casa das Rendeiras. Fundada em 1992, a associação, que é composta por cerca de 60 mulheres, funciona como um complemento de renda dessas famílias e é um trabalho de resgate do artesanato típico do Piauí. O nome da Casa das Rendeiras ganhou respeito no circuito da moda nacional e os trajes produzidos por elas já vestiram várias celebridades.
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