Capital do Boi Gordo. Capital do MATOPIBA – termo que identifica a região formada por Tocantins e partes do Maranhão, Piauí e Bahia. Os títulos que precedem a cidade de Araguaína revelam a importância do município para o desenvolvimento econômico, não só do estado, mas de todo o país. Dona de campos férteis que a tornam um dos motores da agropecuária no Brasil, teve sua pujança potencializada a partir de 1960, com a construção da rodovia BR-153 (Belém-Brasília). Hoje, seu PIB – segundo maior de Tocantins, atrás apenas da capital Palmas – é diversificado, com quase 3.500 empresas instaladas e grande participação do setor de serviços também. Mas o visitante que passa por ali a negócios, descobre que é pródiga também em paisagens naturais exuberantes, cachoeiras, parques e até praias, fazendo do ecoturismo mais uma de suas atrações.
Cidade nova em terras antigas
Com apenas 60 anos de existência, Araguaína está entre os municípios brasileiros mais novos, como parte do também recente estado do Tocantins, criado em 1988. Mas, a história do território que hoje a abriga e que, anteriormente, integrava o estado de Goiás, começou há muito mais tempo. Os primeiros a povoarem o lugar, entre os rios Lontra e Andorinhas, foram os índios Carajás. Os migrantes começaram a chegar por ali em 1876, representados pela família de João Batista da Silva. Provenientes do Piauí, instalaram-se na margem direita do Rio Lontra e o que era, até então, uma pequena ocupação, ganhou o curioso nome de “Livra-nos Deus”, não pela criatividade ou homenagem religiosa, mas pelo medo mesmo que os pioneiros tinham dos ataques de animais selvagens e tribos indígenas.
Com a chegada exponencial de mais habitantes, o rio se tornou parte importante das atividades econômicas na região, incluindo o plantio de cereais e café, e o povoado passou a se chamar Lontra. Ao longo dos anos, foi administrado pelo município de São Vicente do Araguaia – atual Araguatins – e Boa Vista do Tocantins, atual Tocantinópolis. Somente em 1948 se tornou o povoado de Araguaína, quando foi anexado ao recém-criado município de Filadélfia. Depois disso, ainda virou distrito, mas com o grande crescimento foi desmembrado e, finalmente, virou município em 1958, oficializado por lei estadual.
No caminho do progresso
Construída na década de 60, durante o governo de Juscelino Kubitschek, a BR-153 – também chamada de Rodovia Transbrasiliana e Rodovia Belém-Brasília – é a quinta maior do Brasil. Com quase 3.600 quilômetros, atravessa oito diferentes estados, iniciando no Pará e terminando no Rio Grande do Sul, próximo à fronteira com o Uruguai. Sua chegada marca a grande expansão no desenvolvimento econômico de Araguaína, que passou a contar com o transporte rodoviário para comercializar insumos e bens de consumo. Com grandes propriedades rurais e instalação de frigoríficos, logo abraçou a vocação para criação de gado para cria, engorda e abate, ganhando com louvor na década de 90 o título de Capital do Boi Gordo e chegando, hoje, a seis frigoríficos exportadores. Destaca-se, ainda, como grande produtora de arroz, soja, milho, cana de açúcar e mandioca, atendendo um mercado interno de cerca de dois milhões de pessoas no MATOPIBA e faturando no mercado externo, também. Não à toa, a agropecuária é responsável por 99% das exportações realizadas por Tocantins.
Os interessados em fazer bons negócios nessa seara e conhecer as mais recentes tecnologias, comparecem em peso à EXPOARA – Exposição Agropecuária de Araguaína, evento anual realizado todo mês de junho e que dura 10 dias, reunindo criadores de todo o Brasil, com mais de 200 mil visitantes – mais do que a população regular de todo o município. A programação paralela, com shows e rodeios, garante a presença até mesmo de quem não entende nada de boi, mas quer se divertir. Este ano, inclui um hackaton, maratona que reúne hackers, programadores e desenvolvedores para a criação de soluções tecnológicas para o agronegócio. A já tradicional cavalgada, considerada uma das maiores do mundo, com mais de cinco mil cavaleiros e amazonas em trajes típicos, foi criada em 1989 pelos fazendeiros da região para marcar o início de cada edição, promovendo a integração dos participantes. O trajeto vai da entrada da cidade até o parque de exposição, finalizando com o Hino Nacional e hasteamento da bandeira.
Sua pujança se traduz em números. Araguaína está entre as 100 melhores cidades brasileiras para se investir, segundo o Ranking Nacional das Cidades para fazer Negócios 2018, produzido anualmente pela Urban Systems para a revista Exame
Sua pujança se traduz em números. Araguaína está entre as 100 melhores cidades brasileiras para se investir, segundo o Ranking Nacional das Cidades para fazer Negócios 2018, produzido anualmente pela Urban Systems para a revista Exame. Ocupando a 81ª posição entre 310 municípios com mais de 100 mil habitantes na categoria Desenvolvimento Econômico ficou, inclusive, à frente de grandes capitais do país. O estudo utiliza uma metodologia de análise estatística denominada IQM (Índice de Qualidade Mercadológica) e que serve como parâmetro para a qualificação do mercado, considerando informações como PIB Industrial, Agrícola, de Serviços e per capta, saldos de empregos, crescimento das empresas, importações e exportações, dívida consolidada e diversidade econômica. Inclui, ainda, o Índice Firjan de Gestão Fiscal, em que a cidade conquistou gestão de excelência em 2016 e que é baseado nos indicadores de receita própria, gastos com pessoal, investimentos, liquidez e custo da dívida. Em 2015, ficou em primeiro lugar, também, no índice Firjan de Desenvolvimento Municipal. Tudo isso se reflete na geração de empregos. Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de 2018 apontam que o município é o que mais apresenta crescimento no saldo de geração de vagas no mercado de trabalho formal do estado, sendo responsável por mais de 56% do resultado positivo de Tocantins.
Sombra e água fresca
De outro lado, quem está fugindo da rotina e procura Araguaína apenas para descanso e lazer, não se decepciona. Com amplo potencial hídrico, o município oferece opções variadas para tomar aquele banho refrescante e esquecer do mundo, com cachoeiras, rios, lagos e córregos, com infraestrutura para receber o turista. A começar pelo Lago Azul, um dos principais cartões-postais da cidade e um dos maiores da região, com 14 mananciais. Formado pela água que foi represada na construção da barragem da Usina Hidrelétrica Corujão, é ponto de encontro de moradores e visitantes, com ciclovias e áreas verdes em sua orla, denominada Via Lago. Cenário das celebrações de “Ano Novo”, muita gente para por lá apenas para apreciar a belíssima paisagem e o pôr do sol, mas há passeios de barco e os mais radicais podem esquiar ou andar de jet ski. Já, os rios Murici e Lontra são as escolha dos amantes da pesca esportiva e mergulhos.
A 30 Km do centro da cidade e em meio a muita mata virgem e árvores centenárias como pau-brasil, ipê e jatobás, está a Cachoeira Véu de Noiva. Suas quedas d´água atraem brasileiros e estrangeiros para banhos relaxantes, mas também, é possível percorrer trilhas nos arredores e avistar a fauna do lugar, como pica-paus e macacos. Apesar de estar em contato com a natureza em estado bruto, existe uma boa infraestrutura de apoio no local, com restaurante e pousada, o que permite um passeio de dia inteiro com toda a família. Possui, inclusive, uma área reservada para os pequenos, com água mais “rasinha” e escorregador. Outra opção bacana é o Parque das Águas, com lagos e piscinas próprias para banho, formadas pelas águas do Córrego Jacuba. Com playgrounds, quadras, vestiários, lanchonete e churrasqueiras, é endereço certo para o lazer no fim de semana.
Quer praia? Vem que tem. Assim como outras localidades na região, Araguaína dispõe de praias sazonais de água doce, que surgem entre os meses de junho e agosto, quando baixam as águas do rio Araguaia e surge toda uma infraestrutura ao redor para atender o turista. Uma das mais concorridas é a Praia do Garimpinho, verdadeiro paraíso ecológico. Muitos visitantes acampam nas ilhas temporárias que surgem nas margens do rio durante toda a temporada de veraneio, mas, para isso, precisam assinar um termo de responsabilidade de manter a área utilizada limpa, conforme lei ambiental, além de receberem saquinhos de lixo e orientações, inclusive, sobre a pesca predatória.
Ambiente urbano e natureza em harmonia
A preocupação com a preservação ambiental em Araguaína está presente também nas belezas naturais que os sortudos moradores podem desfrutar em plena cidade. Um exemplo é o Parque Cimba, inaugurado em 2016. Primeiro parque urbano do município, foi planejado a partir da recuperação de uma área degradada, onde, anteriormente, eram depositados lixo doméstico e sucatas, colocando em risco a saúde da população. Além da limpeza do terreno, o córrego Canindé, afluente do Rio Lontra cuja nascente está dentro do parque, passou igualmente por um trabalho de revitalização, com retirada de resíduos, recomposição da mata ciliar e formação de um lago, que serve não só para tornar o lugar ainda mais agradável, mas atua, ainda, como bacia de detenção, evitando alagamentos. Para completar o paisagismo, foi construída uma cascata com a reutilização de pneus velhos retirados do antigo terreno, um verdadeiro monumento ao meio ambiente.
Com pista de caminhada, ciclovia, academia a céu aberto e espaço para piqueniques, o Parque Cimba guarda outra surpresa aos visitantes. Em seu centro estão preservadas as ruínas da Companhia Industrial e Mercantil da Bacia Amazônica – a Cimba, que dá nome ao lugar. Fundada em 1963 por Benedito Vicente Ferreira, foi a primeira indústria de Araguaína e de todo o norte goiano, atuando por 10 anos com extração de madeira, beneficiamento e empacotamento de arroz e produção de sabão, entre outras atividades. Para suportar tudo isso, gerava sua própria energia, por meio de uma hidrelétrica de pequeno porte no córrego Canindé. Dá para juntar história, qualidade de vida e diversão no mesmo passeio.
Saindo do parque, o roteiro cultural pode continuar com uma visita à “Praça das Nações São Luís Orione”, a primeira de Araguaína. Além de sediar inúmeros eventos e servir de ponto de encontro e descanso aos passantes, abriga o Monumento dos Pioneiros, com os nomes de todas as famílias que ajudaram a construir a praça e estiveram diretamente envolvidas na expansão do município. Uma estátua de São Luís Orione se destaca para quem circula por ali, admirando a fonte luminosa. Sacerdote italiano proclamado santo pelo Papa João Paulo II, seus missionários participaram da construção da primeira igreja católica na região. Outra dica é a Praça das Bandeiras que, como o nome indica, apresenta bandeiras de todos os estados do país, e costuma receber eventos e feirinhas de artesanato.
E quando se pensa que Araguaína não pode mais surpreender, é melhor olhar para cima. Lá no alto do Morro do Além, onde fica o mirante da cidade e que já foi palco até de casamentos, está uma réplica do Cristo Redentor, lembrando ao visitante que esta é uma terra abençoada, de muitos povos, histórias, conquistas, prosperidade e belezas.
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