Uma cidade, muitos destinos. Assim é Petrolina, município de Pernambuco fundado em 1870 e situado a cerca de 700 quilômetros da capital, Recife. Sua vocação para a diversidade cultural e as diferentes formas de buscar seu desenvolvimento e pujança se destacam e surpreendem os viajantes em busca de experiências inesquecíveis. Essa multiplicidade que lhe dá características únicas e agrada turistas dos mais variados perfis começa já nas histórias que explicam seu nome. Não há uma só versão, mas sim três. A primeira reza que foi uma homenagem ao então Imperador Dom Pedro II e sua esposa, Dona Leopoldina. A segunda, igualmente romântica, acredita ser uma contração dos nomes Pedro e Lina, os dois primeiros moradores, feita a partir do sotaque do frei italiano missionário que os casou. Já, a terceira é atribuída a uma certa “pedra linda” existente em uma pedreira às margens do Rio São Francisco, da qual inclusive foram extraídas rochas para a construção da Igreja Catedral. Seja qual for a opção que mais agrada, uma coisa é certa: basta uma visita para conquistar para sempre um lugar privilegiado na preferência dos visitantes.
Terras férteis e um brinde à prosperidade
Com cerca de 300 mil habitantes e o sexto município mais rico do Estado, Petrolina já foi apontada por um ranking da revista Veja como uma das 20 cidades brasileiras do futuro, e não é para menos. Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) está acima da média pernambucana e a taxa de saneamento básico é considerada a melhor do Nordeste, com 95% de coleta de esgoto e 100% de tratamento do material. Ostenta a maior rede hoteleira da região de São Francisco e do Pajeú, com mais de dois mil leitos. Com a aplicação das mais avançadas tecnologias em irrigação, seu polo agroindustrial é referência em produção e exportação de produtos como manga, goiaba, banana, coco, caqui e uva, em que é responsável por quase 100% das toneladas colhidas para consumo in natura da uva de mesa.
A vocação e a fertilidade trazidas pelas águas do rio São Francisco – com mais de 2.700 quilômetros de extensão e que atravessa cinco estados – trouxeram, também, as primeiras vinícolas na década de 80 e o enoturismo. Hoje, a região produz vinhos de alta qualidade em plena caatinga, com o dobro de safras de outras localidades do país, mesmo com o clima de sol a pino e pouca chuva, típico do sertão, graças à técnica de irrigação por gotejamento. Passear pelas vinícolas, caminhando entre os parreirais, conhecendo o processo de fabricação e degustando os deliciosos vinhos locais é um dos passeios mais concorridos e surpreendentes para os visitantes. Entre as principais opções estão a Vinícola Rio Sol, a Vinícola Bianchetti, que fabrica ainda vinhos orgânicos, a Vinícola Garziera, Vitivinícola Santa Maria e a Vinícola Terra Nova. Nessa última, integrante do Miolo Wine Group, é possível conferir o Vapor do Vinho, passeio com direito à navegação em barco a vapor pelo Lago de Sobradinho, com almoço a bordo e música ao vivo.
Natureza e clima de praia com o Velho Chico
Apesar de localizada no interior de Pernambuco, Petrolina faz a festa também de quem curte um clima praiano, inspirado pela orla do rio São Francisco e suas belíssimas paisagens. É ali que os moradores e turistas se reúnem para as grandes celebrações, como o Ano Novo, praticam esportes aquáticos, saboreiam nos restaurantes o tradicional peixe assado na folha de bananeira, apreciam o fim de tarde e circulam pelas diferentes ilhas. A maior é a Massangano, do lado da ponte que liga o município a Juazeiro e sede do grupo de dança e cânticos populares Samba do Veio, com águas propícias para banho e espaço para camping. Já, a Ilha do Rodeadouro é reduto de preservação ambiental e tem acesso controlado, mas garante boa infraestrutura de lazer para quem quer relaxar, com barracas com delícias gastronômicas e travessia de barco 24 horas.
Não faltam, ainda, programas bacanas, ao ar livre, para toda a família. A criançada vai adorar o Parque Zoo Botânico da Caatinga, com mais de 100 espécies diferentes de animais como jacarés, tartarugas, onças, macacos, serpentes e aves, doados ou apreendidos pelo Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Seus mais de 10 mil metros quadrados são, igualmente, enfeitados por cerca de 50 espécies típicas da flora local. Já, o Parque Josepha Coelho é ideal para gastar energia, com equipamentos de ginástica, playground, pista de skate e de ciclismo, além de quadras de tênis, vôlei e futsal. No final, dá para reunir todo mundo em um gostoso piquenique em meio à vegetação abundante.
Se a preferência é por práticas mais radicais, a pedida é escalar o Serrote do Urubu, formação rochosa com 400 metros de altitude, às margens do Velho Chico, acessível pela Estrada das Pedrinhas. Do topo, é possível conferir um panorama deslumbrante da região, mas as trilhas ao redor também levam a pontos de contemplação bacanas. Aberta por 300 metros dentro de uma área de 11 hectares de caatinga preservada, a Trilha Ecológica é outra escolha frequente dos viajantes mais ativos, revelando toda a diversidade da flora e fauna do sertão. Gerenciada pela Embrapa, a área abriga percursos guiados, onde são destacadas as principais características de plantas diferentes e típicas como Baraúna, Pau Ferro e Umbuzeiro, mesclando diversão e educação ambiental.
Pelas ruas da cidade, uma viagem no tempo
Parte do encanto que a cidade exerce sobre os visitantes está na história revelada em cada esquina, com destaque para a chamada Petrolina Antiga, área do município também conhecida como centro velho. Na rua Barbosa Lima está concentrada uma série de casas erguidas no início do século 20, coloridas e em ótimo estado de conservação, que mais parecem cenário de filmes. Esse sítio histórico abriga, igualmente, construções da antiga usina de descaroçamento de algodão e um antigo açougue, datado de 1927, onde, atualmente, funciona o Espaço Cultural Lula Cardoso Ayres, em homenagem ao artista plástico pernambucano.
Nos arredores, chamam ainda a atenção dos turistas as belíssimas edificações religiosas, em especial a Catedral de Petrolina, denominada Igreja Sagrado Coração de Jesus. Erguida em 1929 por iniciativa do Bispo Dom Malan, cujos restos mortais repousam em um jazigo em seu interior, apresenta um estilo neogótico e mais de 50 vitrais franceses similares ao da Catedral de Notre Dame, na França, mesma origem dos seus três sinos de bronze de 1,4 tonelada, cada. De acordo com uma antiga regra litúrgica, foi construída de frente para o poente, localização que remete à Terra Santa e ao túmulo de Jesus. Vale conhecer, da mesma forma, a Igreja Matriz Nossa Senhora Rainha dos Anjos, mais antiga de Petrolina, dedicada à padroeira do município. A estátua que glorifica a santa veio de Portugal há mais de 200 anos e, a cada mês de agosto, os festejos em seu louvor reúnem milhares de fiéis. A alegria e hospitalidade do povo da cidade, aliás, faz parte de seus atrativos. Apenas para se ter uma ideia, por lá as celebrações das tradicionais festas juninas duram quase um mês e incluem mais de 80 apresentações artísticas, com quase um milhão de visitantes.
Mas, nada melhor para mergulhar na trajetória desse recanto tão fascinante do país do que conferir o acervo do Museu do Sertão, com mais de três mil peças entre documentos, fotos, móveis, objetos e armas de cangaceiros e personalidades que fizeram parte da história do município. Todo o material está dividido em galerias temáticas, como o Acervo Arqueológico, Jardim Sertanejo, Petrolina Ontem, Cultura e Economia ou Religiosa, além de espaços que homenageiam filhos ilustres da cidade, como o mágico Marcos Hione, reconhecido internacionalmente.
Artesanato e gastronomia
O artesanato típico de Petrolina é outra referência cultural que encanta os visitantes, especialmente as “carrancas” – aquelas figuras de rostos assustadores esculpidas em madeira que, segundo os historiadores, dos idos de 1880 até por volta de 1940 eram colocadas nas proas dos barcos que navegavam pelo rio São Francisco como verdadeiros amuletos de proteção contra tempestades, perigos, maus presságios e criaturas míticas. As peças mais disputadas são adquiridas nos ateliês e centros culturais originados pelo trabalho de dois artistas famosos na cidade, ambos já falecidos, mas cujo legado permanece pelas mãos dos filhos e aprendizes. Um é o Mestre Quincas, com carrancas de madeira. Outra é Ana das Carrancas, cujo nome percorreu todo o Nordeste e que ficou conhecida pela releitura das carrancas em barro, tanto com os olhos vazados em tributo ao marido, que era cego, como com obras que misturam animais e a figura humana, denominadas zoomórficas.
Garantidas as lembrancinhas, para completar a viagem em grande estilo não pode faltar uma degustação dos pratos típicos servidos no famoso Bodódromo, complexo gastronômico a céu aberto com uma dezena de restaurantes distribuídos em três mil metros quadrados de área. No cardápio, como não poderia deixar de ser, preparações à base da carne de bode, como buchada, ao vinho, com molho de laranja e sarapatel. Mas, também, não faltam delícias com peixes, carne de sol, queijo coalho, tapioca, baião de dois e a carne de carneiro, muito apreciada na sua versão assada, servida com arroz, feijão-verde e mandioca frita, tudo para deixar um gostinho de quero mais e uma nova viagem já marcada!
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