“Eis Dourados cintilante/ De labor e anseios mil/ No futuro confiante/ Lindo Oásis do Brasil.” Não é sem motivo que o hino oficial da segunda maior cidade do Mato Grosso do Sul é, na verdade, uma poesia em forma de música. Literalmente.
O poema, escrito por Armando da Silva Carmelo na década de 70, ganhou melodia do músico José de Oliveira Silva e exalta com perfeição a beleza e a pujança de Dourados. Situado a cerca de 220 Km de Campo Grande e 120 Km da fronteira com o Paraguai, o município é, hoje, um importante polo agropecuário e de serviços, para uma região que concentra em torno de um milhão de habitantes recebendo o merecido título de Portal do Mercosul. Com ritmo intenso de crescimento nas últimas décadas, em 2018 foi considerada a 44ª cidade mais bem avaliada pela revista Exame no ranking dos 100 melhores municípios brasileiros para fazer negócios e com população superior a 100.000 habitantes, subindo nada menos que 24 posições em relação a 2017. Mas, agraciada com a natureza exuberante desta região do país e cenário de história preservada, reserva, igualmente, muitas surpresas também para quem busca lazer e descanso, com atrações para toda a família.
Em 2018 a cidade de Dourados foi considerada a 44ª cidade mais bem avaliada pela revista Exame no ranking dos 100 melhores municípios brasileiros para fazer negócios e com população superior a 100.000 habitantes.
Terra de lutas e glórias
Dourados testemunhou uma parte importante da história do Brasil e as memórias estão por toda a parte, contando às novas gerações um pouco dos desafios e vitórias dos corajosos desbravadores que passaram por ali. Antes da colonização, a área que hoje abriga o município era habitada pelas tribos Terena e Kaiwa, que ainda marcam presença por lá, compondo uma das mais expressivas populações indígenas brasileiras, em uma reserva que pode, inclusive, ser visitada por turistas, desde que previamente autorizados pela Funai. Seus primórdios remontam a 1861, quando foi fundada a Colônia Militar de Dourados, sob o comando de Antônio João Ribeiro, na época da invasão paraguaia. Já no final do século XIX, a região de Mato Grosso do Sul começou a receber famílias vindas de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais em busca de terras férteis, assim como novos colonizadores, que impulsionaram a exploração dos amplos campos de ervas nativas, com destaque para a fundação da Companhia Mate Laranjeira S/A, que deteve o monopólio de exploração entre 1882 e 1924.
Também colaborou sobremaneira para o desenvolvimento local a cultura pastoril e a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, entre 1904 e 1914. Personagem que se destaca na trajetória desse período, o colonizador Marcelino Pires se dedicou com afinco ao trabalho da lavoura e pecuária, alocando grandes porções de terra para a criação de gado, exatamente na área onde, atualmente, encontra-se a cidade e que ganhou o status de município em 1935. Mais tarde, em 1943, a Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), com 50.000 hectares e reservada em 1923 para a colonização, passou a integrar Dourados, renovando o movimento de imigrantes brasileiros e estrangeiros, especialmente japoneses, dedicados, principalmente, ao cultivo de café.
Duas viagens em um só destino
O grande apreço da cidade pela preservação de seus patrimônios históricos permite que o sortudo visitante de Dourados viaje também no tempo, ao conferir suas inúmeras atrações culturais. Uma delas é o Museu da Colônia Agrícola, inaugurado em 2016, com acervo que relata, com riqueza, essa passagem da história da cidade e abriga uma grande preciosidade: o cruzeiro em madeira, símbolo da colonização, que foi cravado no lugar em 1943 pelos pioneiros, em cerimônia com a presença das autoridades da época, conforme comprova um documento enterrado na ocasião, ao pé da cruz em um recipiente de vidro. O adorno foi tombado pela Lei Municipal nº 1.443 de 21 de outubro de 1987. Outra homenagem ao papel da CAND na trajetória do município é o Monumento ao Colono, popularmente chamado de “Mão do Braz”, cartão-postal que representa “a história cravada em concreto”, segundo seu idealizador, o arquiteto Luiz Carlos Ribeiro. Na escultura, as mãos saindo da terra simbolizam a força do trabalhador rural, e as pequenas esferas em seu entorno remetem às localidades fundadas com a expansão da colônia. Puxe a câmera ou o celular: é o lugar perfeito para aquela selfie memorável!
O grande apreço da cidade pela preservação de seus patrimônios históricos permite que o sortudo visitante de Dourados viaje também no tempo, ao conferir suas inúmeras atrações culturais.
Outro ponto que não deixa de ser registrado pelos turistas são as ruínas da Usina Termelétrica Senador Filinto Muller. Inaugurada em 1949, depois de seis anos de construção, foi a primeira em geração de energia elétrica em Dourados e, além de fomentar a criação de empregos na cidade, era considerada uma área de lazer pela população em geral, nas tardes de domingo. Com o progresso tecnológico e sem conseguir atender, adequadamente, à demanda local, foi desativada em 1952, e o que restou de sua chaminé, fornalha e caldeira, em meio à exuberante vegetação dos arredores, foi tombado em 1991, resultando em um cenário que encanta quem passa por ali. Reserve também um bom tempo para conhecer o Museu Histórico e Cultural de Dourados, com cerca de 5.000 peças entre fotos, objetos, equipamentos, trajes e documentos que abordam desde a chegada dos primeiros desbravadores até a implementação da CAND.
Sombra e água fresca? Tem também
Esteja o visitante em busca de ecoturismo, apenas um bom lugar para ler um livro, como diria Djavan, ou, ainda, andar descalço pela grama, relaxar e respirar ar puro, ele não vai se decepcionar. Em Dourados, reduto de belas paisagens naturais que são características deste rincão do país, você está sempre a poucos minutos de uma grande variedade de parques, praças e áreas verdes que atendem tanto quem quer diversão como quem prefere sossego. Homenagem a um dos pioneiros da cidade, o Parque Antenor Martins é uma das inúmeras opções. Inaugurado em 1985, contempla uma área de preservação ambiental de 34 hectares, com mais de 400 árvores nativas e aves palustres, ou seja, de espécies que costumam habitar áreas alagadas como o Pantanal. Sede de eventos esportivos e culturais, possui um amplo lago em que são realizados campeonatos de pesca, um anfiteatro para 400 pessoas, quadras poliesportivas, concha acústica, playground e pista de caminhada. No Parque dos Ipês, como o nome revela, o cenário é bem colorido pelas belíssimas e floridas árvores, e, além da estrutura para lazer e prática de esportes como peteca, basquete, vôlei de areia e futsal, engloba o Teatro Municipal e a sede da Academia Douradense de Letras e Cultura. Já o Parque Primo Fioravante (ou Parque Rego D’ Água) é um dos maiores complexos ambientais do interior do Estado, sinônimo de natureza preservada e horas de relaxamento.
Cidade do interior que se preze tem praça, mas, em Dourados, elas são mais do que um ponto de encontro dos moradores. Por sua beleza e extensão, são igualmente pontos turísticos muito concorridos, inclusive para saborear com tranquilidade o tradicional tereré (veja Box). Não deixe de conhecer a Praça Antônio João, devidamente ornamentada pela estátua do tenente considerado herói da Guerra do Paraguai (1864-1870). Antigo palco de cavalhadas, festa popular de origem portuguesa que remete aos torneios dos cavaleiros da Idade Média, com simulações de batalhas entre cristãos e mouros, foi, posteriormente, o lugar onde começou a se formar o núcleo urbano do município, e, hoje, recebe famílias inteiras aos finais de semana, com áreas para andar de bicicleta, patinete, patins ou mesmo curtir eventos como festas juninas ou missas campais. A Praça de Imigração Japonesa, instalada em 2008 na rua Toshinobu Katayama para marcar os 100 anos da chegada dos primeiros imigrantes ao país, traz diversos símbolos da cultura oriental, seja nas esculturas, nos jardins ou na arquitetura. Em complemento, a Praça da República do Paraguai reverencia a comunidade de imigrantes paraguaios e seus descendentes, e foi inaugurada em 1998 com a presença do então presidente da República do Paraguai, Juan Carlos Wasmosy, que trouxe a imagem da virgem de Caacupé e a bandeira de seu país.
Caminhos de fé e contemplação
Falando em devoção, não faltam em Dourados atrações para quem aprecia o turismo religioso, como a Catedral Imaculada Conceição, derivada da primeira capela da cidade, construída em 1925 e aberta com uma procissão que levou uma imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição, trazida da França e doada pelo Major Afonso de Oliveira Mello, até o altar. A atual edificação foi erguida em 1942 e o belo mosaico em cerâmica em seu interior impressiona os visitantes. A Igreja Presbiteriana do Brasil – conhecida como “Igreja do Relógio” desde a instalação do equipamento em sua torre em 1963 – teve como responsável por sua fundação o missionário Reverendo John Marion Sydenstriker, e privilegia traços arquitetônicos modernos. O Santuário Nossa Senhora de Aparecida completa o passeio temático, com bonita capela onde se encontra a réplica da imagem de Nossa Senhora, casa de encontros e retiros, um grande palco e praça de eventos.
Cultura em forma de lembrança
Quando a viagem chega ao fim, sempre fica aquele gostinho de quero mais, mas em Dourados, o turista pode levar um pedacinho da cultura, talento e simpatia do seu povo para casa para relembrar os bons momentos passados por lá. Na Vila São Pedro, comunidade com cerca de 850 pessoas que ostenta outro Patrimônio Histórico Municipal de Dourados – uma casa de madeira que ainda guarda a arquitetura das antigas residências da CAND –, é possível adquirir uma grande diversidade de peças, especialmente em madeira. No Galpão das Artes, itens únicos em argila, madeira, MDF e ferro, produzidos por uma família de artesãos, entre eles Mestre Cilso e o artista plástico Marlon Beraldo, torna a escolha até difícil, tudo enche os olhos e a alma, com a vontade de já programar a próxima visita.
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