O futebol feminino ganha cada vez mais os holofotes, e, em 2023, os jogos da Copa do Mundo Feminina serão transmitidos em TV aberta
Pela primeira vez em nove edições, os jogos da Copa do Mundo Feminina 2023 serão transmitidos em TV aberta. Mas essa não é a única conquista da modalidade neste ano, visto que o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino também chegou à Globo, a principal emissora televisiva do Brasil.
Felizmente, a crescente do futebol feminino acontece há alguns anos em todo o mundo, e são muitas as conquistas das mulheres no esporte. Na Champions League Feminina de 2022, por exemplo, Barcelona e Real Madrid se enfrentaram na final, e 91.553 pessoas compareceram ao Estádio Camp Nou no dia 30 de março para o jogo decisivo do campeonato. Esse foi o maior público da história do futebol entre mulheres.
No Brasil, o cenário também é bastante positivo. Em 2022, as duas partidas finais do Campeonato Brasileiro, entre Internacional e Corinthians – em que o time paulista levou o título -, foram históricas e quebraram o recorde de público em território nacional. No primeiro jogo, o Beira-Rio recebeu 36.330 pessoas. Já no segundo, a Neo Química Arena contou com a presença de 41.070 torcedores, configurando o maior público no Brasil e na América do Sul.
“É muito importante essa evolução no futebol feminino: as condições de trabalho, a competitividade e a popularidade. Tudo está interligado. Clubes, federações e confederações precisam continuar investindo, cada vez mais, como tem sido feito. Os resultados estão chegando, o futebol é bem apresentado, os estádios estão cheios… O futebol feminino é muito atrativo e tem ainda mais espaço de crescimento, mas para que a modalidade ganhe cada vez mais espaço, todas as partes envolvidas devem fazer sempre o seu melhor”, fala Lauren Leal, zagueira do Madrid CFF e da Seleção Brasileira.
Uma história de desafios
Embora fossem jogos bastante amadores, os primeiros registros de partidas de futebol entre mulheres são datados por volta de 1920. Em 1940, o cenário feminino no esporte começou a tomar uma forma mais profissional. Mas esse processo aconteceu às escondidas, visto que a modalidade não era bem vista.
Pouco depois, em 1941, um decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas proibiu as mulheres de praticarem futebol. A proibição veio tempo depois da primeira partida de futebol feminino disputada no país, e ela aconteceu porque a imprensa e os setores conservadores pressionaram Vargas. O decreto ficou vigente até 1983, ano em que a regulamentação do futebol feminino finalmente aconteceu graças à luta de jogadoras, além de, claro, a relevância econômica internacional.
Primeira Copa do Mundo Feminina
A CBF convocou a primeira seleção feminina no ano de 1988. Mas, apenas em 1991, aconteceu a primeira edição oficial da Copa do Mundo Feminina reconhecida e realizada pela Fifa. Anos depois, em 1993, o Comitê Executivo da Federação Internacional de Futebol (FIFA) decidiu pela inclusão das mulheres na modalidade a partir da edição seguinte dos Jogos Olímpicos, em Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996. Antes da estreia nas Olimpíadas, o futebol feminino também ganhou a segunda edição da Copa do Mundo, que foi realizada em 1995.
Exposição das mulheres no futebol
Para entrar no clima da Copa do Mundo Feminina, o Museu do Futebol, em São Paulo, apresenta a exposição temporária “Rainhas de Copa”, que traz a história do futebol feminino desde 1988, quando foi realizado o mundial experimental. A mostra, que fica disponível até 27 de agosto, conta com imagens, dados e histórias. Saiba mais em: museudofutebol.org.br/exposicoes/rainhas-de-copas/
O que você precisa saber sobre a Copa do Mundo de 2023
A nona edição da Copa do Mundo Feminina acontece na Austrália e na Nova Zelândia. O torneio começa no dia 20 de julho de 2023, com o duelo entre Nova Zelândia e Noruega, e a grande final está prevista para 20 de agosto.
Neste ano, será a primeira vez que o campeonato terá 32 seleções. O formato será igual ao do torneio masculino: oito grupos formados por quatro países, e os dois primeiros colocados se classificam para a fase de mata-mata.
O Brasil estará no Grupo F, acompanhado da França, da Jamaica e do Panamá. E já anota aí: a Seleção Brasileira estreia em 24 de julho contra o Panamá. Vale ressaltar também que, além das partidas do Brasil, Rede Globo em TV aberta vai transmitir todos os jogos do campeonato.
Lauren Leal reflete sobre vestir a camisa da Seleção: “Acredito que todos os atletas sonham em representar o seu país. Comigo não é diferente. Vestir e representar a camisa da Seleção Brasileira é muito especial. […] Vestir e representar essa camisa que tem tanta história é um privilégio, uma honra. Saber que minha família e meu país estão torcendo por mim, vibrando e comemorando, é um sentimento único.”
Em relação à Copa do Mundo Feminina, Leal afirma: “A expectativa é muito boa. Os últimos jogos [contra Inglaterra e Alemanha no início de abril] provaram o quanto a Seleção Brasileira é uma equipe forte e capaz. Com o trabalho de todos e todas, fazendo o máximo todos os dias, os resultados vão ser positivos e históricos. Meu coração está em êxtase em saber que posso fazer parte dessa história e jogar uma Copa do Mundo pelo meu país. Será a realização de um sonho.”
Mais sobre Lauren Leal
A zagueira Lauren Leal sempre chamou a atenção por sua habilidade. Multicampeã com o São Paulo, a atleta teve um sucesso significativo no elenco profissional do time paulista e logo se tornou uma das principais jogadoras da equipe.
Já em 2017, foi convidada para participar de treinos e amistosos da seleção brasileira feminina e disputou o Sul-Americano sub-17 pela equipe do técnico Luizão. Aos 19 anos, recebeu uma proposta do Madrid CFF e foi representar o time europeu. E Lauren Leal está por lá desde então.
“Minha história em si já é bem desafiadora. Sair da minha cidade natal (Votorantim) e ir para São Paulo todos os dias com meu pai de moto, na correria de horários, por alguns anos, provou o quanto eu sempre quis me tornar profissional. Hoje em dia, o maior desafio é o dia a dia, a constante evolução, levar o meu corpo e mente ao limite e, claro, ficar longe de quem eu amo”, conta.