De um pequeno forte para proteger a Amazônia brasileira contra a invasão de espanhóis para uma metrópole com mais de 2 milhões de habitantes. Em pouco mais de três séculos e meio, Manaus, capital do estado do Amazonas, transformou-se na cidade mais importante da Região Norte do país e a porta de entrada de um dos destinos turísticos brasileiros mais procurados por pessoas de todo o mundo, a Floresta Amazônica.
No centro da maior floresta tropical do mundo, Manaus, que completa 352 anos no dia 24 de outubro, impressiona não “apenas” pela natureza ao redor, mas também pela sua riquíssima história, em que se destacam as mais belas construções do apogeu econômico do ciclo da borracha, período ocorrido entre as últimas décadas do século XIX e o início do século XX. Essa é considerada a “Belle Époque Amazônica”, quando cidades como Manaus – que ficou conhecida como a “Paris dos Trópicos” – e Belém, capital do Pará, desenvolveram-se e ganharam inúmeras benfeitorias.
De acordo com o Departamento de Estatística da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur), a receita gerada a partir da movimentação turística passou de R$ 662 milhões em 2020. O estado recebeu a visita de 343.530 turistas nacionais e internacionais no ano passado.
Centro Histórico
O roteiro do passeio por Manaus deve ter como ponto de partida o Centro Histórico. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2012, seus prédios, praças e espaços públicos retratam a memória manauara e possuem forte ligação às origens da cidade, sendo a região mais antiga a ser ocupada na capital amazonense.
O trecho tombado abrange uma área entre a orla do rio Negro e o entorno do magnífico Teatro Amazonas. Principal cartão-postal da cidade, esse é um dos mais importantes teatros do país e um dos mais belos do mundo. Idealizado pela alta sociedade manauara e construído com recursos econômicos vindos dos barões da borracha, quando o látex extraído da floresta literalmente valia ouro na Europa, o Teatro Amazonas foi inaugurado em 31 de dezembro de 1896.
O edifício, feito em estilo renascentista, foi tombado em 1966 e recebe em suas luxuosas instalações óperas, musicais, companhias de ballet, peças de teatro, festivais e shows de música clássica e popular. A maior parte do material usado na construção do teatro foi importada da Europa e o destaque fica para a cúpula, que é composta de 36 mil escamas de cerâmica esmaltada nas cores da bandeira brasileira, e telhas vitrificadas, vindas da Alsácia, na França. Para conhecer a parte interna do teatro, há visitas feitas com a participação de guias.
O Largo de São Sebastião, área onde está localizado o teatro, é um dos pontos turísticos mais badalados de Manaus. Bares, museus, casarões antigos e apresentações artísticas são as principais atrações do local, que compreende toda a área do entorno da Praça de São Sebastião. No local também fica a Igreja de São Sebastião, inaugurada em 1888 e um dos templos religiosos mais antigos da cidade. Na Praça de São Sebastião, de onde é possível observar a igreja e o teatro, fica o famoso Monumento à Abertura dos Portos, do escultor italiano Domenico de Angelis. A calçada da praça é adornada com ladrilhos portugueses.
Às margens do Rio Negro está o Mercado Municipal Adolpho Lisboa. Inspirado no mercado parisiense Les Halles e projetado pelo mesmo engenheiro francês responsável pela Torre Eiffel, o Mercadão foi inaugurado em 1883. Desde então, estabeleceu-se como um dos mais importantes espaços de comercialização de produtos e alimentos típicos da Amazônia, com uma interessante variedade de peixes amazônicos, frutas, especiarias da região e artesanato indígena, além de vários bares e restaurantes que oferecem a gastronomia típica amazonense.
Parte do conjunto arquitetônico da área portuária de Manaus e tombados como patrimônio histórico nacional, os prédios da Alfândega – um dos primeiros prédios pré-fabricados do mundo – e da Guardamoria também merecem um olhar mais atento. Ao lado, está o Porto de Manaus, considerado o maior porto flutuante do mundo, e que recebe grandes transatlânticos, com turistas vindos de várias partes do globo.
Em frente ao porto, está a Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Conceição, que remonta à antiga capela construída pelos missionários carmelitas. A catedral integra o espaço da Praça XV de Novembro (Praça da Matriz), com seus belos jardins, a escadaria monumental e a área frontal. Próximo dali, na avenida Eduardo Ribeiro, está o belo Relógio Municipal, um marco arquitetônico para a cidade, com sua engrenagem importada da Suíça e montado em uma base de pedra.
Para visualizar com mais exatidão a arquitetura da cidade, é preciso caminhar perante os casarios da Rua Bernardo Ramos, uma das mais antigas de Manaus e uma das mais bonitas também. A rua foi a primeira a ser urbanizada na cidade e tem seu calçamento todo feito em pedra. É na Bernardo Ramos que estão as duas casas consideradas as mais antigas de Manaus, as de números 69 e 77, que hoje abrigam o Centro Cultural Oscar Ramos, um museu com o acervo do artista amazonense.
Espaços culturais e museus
O antigo centro de Manaus viu, no início do século passado, a construção de diversos prédios destinados ao Poder Público. A maior parte deles foi transformado, nas últimas décadas, em centros culturais e museus. O mais importante deles é o Centro Cultural Palácio Rio Negro, que desde 1997 conta com espaços abertos a exposições, dança e teatro. Erguido em 1903 com o dinheiro do “Barão da Borracha”, o alemão Waldemar Scholz, o então conhecido Palacete Scholz foi adquirido pelo governo em 1917, mudou de nome e tornou-se sede do Poder Executivo e residência oficial do governador, permanecendo assim até 1995.
Outros espaços culturais da região são o Centro Cultural Palácio da Justiça, localizado atrás do Teatro Amazonas, com diversas exposições, palestras e espetáculos, e o Palácio Rio Branco, prédio da antiga sede da Assembleia Legislativa do Amazonas e localizado na praça Dom Pedro II, voltado ao estudo da história política amazonense.
Ainda nesta região, está o Palacete Provincial, que abriga atualmente cinco museus, de diferentes estilos: Museu de Arqueologia, Museu da Imagem e do Som (MISAM), Museu de Numismática do Amazonas, Museu Tiradentes e a Pinacoteca do Estado do Amazonas. Um dos mais importantes tributos ao povo indígena no Brasil, o Museu do Índio fica localizado na avenida Sete de Setembro. São mais de mil peças indígenas, como armas, instrumentos musicais, vestimentas e utensílios domésticos, com foco principal nas aldeias do Alto Rio Negro.
Outros museus de destaque no centro histórico são o Museu da Cidade de Manaus, reservado a contar a história manauara; a Casa Eduardo Ribeiro, que recupera a história pessoal deste que é considerado o grande transformador da capital amazonense; e o Museu Amazônico, fundamental para o conhecimento da Amazônia e de suas culturas.
Ecoturismo amazônico
Mesmo com toda esta riqueza histórica e cultural, é inegável que Manaus se difere de outros lugares no mundo pela exuberância da Amazônia, com suas florestas e rios. Um passeio que não pode faltar é o encontro das águas do Rio Negro e Solimões. Os dois rios se juntam, mas não se misturam. O passeio é feito de barco, com um guia que vai explicando o fenômeno. Da embarcação, é possível tirar fotos e até mesmo tocar os rios. Já a melhor opção para se refrescar no forte calor amazonense são as praias urbanas de água doce, geralmente frequentadas por moradores e turistas aos finais de semana. A mais conhecida é a da Ponta Negra, que teve seu calçadão revitalizado e é cercada por condomínios de luxo, mas se destacam também a Praia da Lua e a Praia do Tupé.
Há inúmeros parques de conservação em Manaus e na região, onde a fauna e a flora da maior floresta tropical do mundo podem ser observadas. Primeira unidade de conservação estadual localizada na cidade de Manaus, o Parque Estadual Sumaúma está em uma área de 51 hectares, no bairro Cidade Nova. O local conta com espécies de animais ameaçadas de extinção e mais de 80 variedades de plantas, e tem a entrada gratuita.
Outra área verde da cidade é o Parque Municipal do Mindu, vitrine importante do ecossistema amazônico. Com pouco mais de 40 hectares, o parque integra o Corredor Ecológico Urbano do Igarapé do Mindu, tendo uma importância fundamental na conectividade entre fragmentos florestais urbanos vivos. Projetos culturais e ambientais integram o calendário de eventos do Mindu.
O contato com a natureza é o grande estímulo aos visitantes da Reserva Florestal Adolpho Ducke. A reserva é considerada a maior área com floresta urbana inexplorada do mundo, estudada por cientistas há mais de 30 anos. O local abriga o Jardim Botânico de Manaus e o Museu da Amazônia (Musa), além de cinco trilhas pela mata, com o acompanhamento de monitores e uma torre de observação de 40 metros de altura.
Os turistas também podem observar a natureza amazônica em visitas ao Bosque da Ciência, área de visitação pública do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), e no Zoológico do Cigs, administrado pelo Exército Brasileiro e com mais de 200 animais da fauna amazônica, como a onça, a pantera-negra e um grande viveiro de macacos. Outra atração à parte é o Museu do Seringal. Usado como cenário de um filme, neste museu em meio à mata o visitante aprende sobre o ciclo da borracha e pode observar todo o processo de extração do látex, como se estivesse em uma propriedade da época.
Um pouco mais distantes de Manaus, estão unidades de preservação como o Parque Ecológico do Lago Janauari, onde o maior atrativo é o passeio de barco com direito a observar vitórias-régias e jacarés, e o Parque Nacional Anavilhanas, onde fica um dos maiores arquipélagos de ilhas fluviais do mundo. O nado com os botos, programa popular entre os turistas que visitam a região, é feito com o auxílio de guias sendo proibido alimentar os animais.
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