Capital de Goiás e “flor do cerrado” do Centro-Oeste brasileiro, a encantadora Goiânia tem características e peculiaridades que saltam aos olhos de moradores e visitantes. As inúmeras áreas verdes, a economia pulsante, a agitação cultural de variadas vertentes e a movimentação típica de uma metrópole resultam em uma das melhores qualidades de vida entre as capitais brasileiras.
O resultado dessas numerosas qualidades é a oitava colocação como melhor capital do país para viver e município brasileiro com a maior área verde por habitante, segundo pesquisa da Organização de Desafios da Gestão Municipal (DGM), em 2021. Atualmente com 1,5 milhão de habitantes, Goiânia é a segunda cidade mais populosa da região, atrás apenas da capital federal, Brasília (DF).
Uma cidade muito jovem, Goiânia – ou Gyn, como seus moradores a chamam – teve o lançamento de sua pedra fundamental em 24 de outubro de 1933 e completa 90 anos em 2023. O município foi criado para substituir a cidade de Goiás (Goiás Velho) como capital estadual, uma ideia que já era discutida desde a proclamação da República, em 1889.
O primeiro nome sugerido para a nova capital foi Petrônia, em homenagem ao médico Pedro Ludovico Teixeira, primeiro interventor do estado, mas um concurso cultural escolheu o nome de Goiânia para batizar a cidade. Com a mudança da velha para a nova capital goiana acontecendo aos poucos, o evento que sacramentou a transferência oficialmente aconteceu somente em 5 de julho de 1942.
Motor econômico de Goiás
Localizada mais ao Sul do estado, a região em que Goiânia foi implementada era a preferida por estar próxima a grandes áreas de agricultura e pecuária. Porém, a ideia só ganhou corpo com Getúlio Vargas na presidência do país. Ao ser nomeado interventor, Pedro Ludovico decidiu que era hora de mudar a capital de lugar e, assim, direcionar o excesso populacional para espaços demográficos pouco habitados em uma tentativa de revigorar a produção econômica.
Principal motor econômico do estado de Goiás, a capital aparece em 13º como a cidade mais rica do Brasil, com destaque para os setores farmacêutico, com 18 empresas do setor em Goiânia e na vizinha Anápolis; o de confecção, em que a capital de Goiás é o quarto maior polo do setor no país; e o de alimentação, principalmente nas áreas de laticínios e frigoríficos.
É importante frisar, ainda, que a contribuição de Goiás para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é cerca de 2,8%, com R$ 208,7 bilhões. O setor agropecuário é o grande destaque da economia, uma vez que boa parte do território goiano é composto por latifúndios, ou seja, propriedades rurais com mil hectares ou mais. A produção de carnes, com o terceiro maior rebanho bovino do Brasil, é exportada para a União Europeia e responsável por 27% do PIB regional. Os grão também são relevantes na economia local, com destaque para a soja e o feijão.
Goiânia: Cidade verde e sustentável
A preocupação com a preservação e o desenvolvimento de áreas verdes na urbanização de Goiânia coloca a cidade como a “Capital Verde do Brasil”. A capital de Goiás conta com 94 m² de área verde por habitante. Esse número dá a segunda colocação mundial em proporção de área verde, atrás apenas da canadense Edmonton.
Além disso, a capital goiana é a cidade brasileira com maior quantidade de árvores em vias públicas. São cerca de 950 mil de mais de 300 espécies nativas, como o ipê (roxo, rosa, amarelo e branco), o jatobá, o cega-machado, o jacarandá-mimoso, o angico, entre outras, e exóticas, como o flamboyant.
225 parques e unidades de conservação
São 225 áreas de parque e unidades de conservação espalhadas por todos os cantos da cidade, parte importante do perímetro urbano de Goiânia. Maior área verde da cidade – com 1 milhão de m² –, o revitalizado Jardim Botânico foi inaugurado em 1978 e abriga uma remanescente área fechada de mata, com espécies nativas do Cerrado e animais silvestres, um lago, borboletário, além de pista de caminhada.
Outro patrimônio verde de Goiânia é o Bosque dos Buritis. Localizado no Setor Oeste, é o parque mais antigo da cidade, contando com 141.500 m² e três lagoas artificiais abastecidas pelo córrego Buriti.
Destacam-se, ainda, o Parque Areião, na região sul de Goiânia e com 240 mil m² de área; o Parque Vaca Brava, área no centro da cidade onde são realizados shows; e o Parque Flamboyant, muito frequentado pela população aos finais de semana em razão de seus lagos e pistas para ciclismo e caminhada.
Com visão abertamente em prol do desenvolvimento de projetos socioambientais, Goiânia foi escolhida em 2011 para fazer parte da Rede Uberlac de Cidades Sustentáveis. O objetivo do programa é a troca de informações colaborativas entre as cidades integrantes, todas elas de médio porte, como a espanhola Bilbao, a italiana Florença, a peruana Trujillo e a brasileira Manaus.
Parque Linear Macambira Anicuns
Nos próximos anos, a cidade ganhará um upgrade na área ambiental que poucas cidades do mundo podem se orgulhar em ter. O Parque Linear Macambira Anicuns é previsto para ter 24 quilômetros de extensão, com 25,5 hectares.
O novo parque é parte do Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns (Puama) e é uma iniciativa da prefeitura em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A construção do parque tem como principal objetivo erradicar problemas ambientais, urbanísticos e sociais que afetam a cidade de Goiânia, incluindo a recuperação de áreas degradadas.
Urbanidade moderna
Goiânia é uma das principais cidades planejadas do Brasil, surgida três décadas antes da também planejada Brasília. O plano piloto da cidade foi elaborado pelo arquiteto e urbanista Attilio Corrêa Lima, com concepções influenciadas pelo urbanismo francês. Do ponto de vista arquitetônico, Goiânia foi a primeira cidade moderna do Brasil.
Em seu projeto, o urbanista planejou uma cidade com muitas áreas verdes, com a reunião da chamada “cidade-jardim” e o estilo Art déco na arquitetura, movimento que teve seu auge na Europa nas décadas de 1920 e 1930 e que está nas ruas, avenidas, praças e até em parques de Goiânia. A cidade tem o mais significativo acervo do estilo no Brasil, com 22 edificações tombadas pelo Iphan.
É importante destacar também que o fato desses edifícios estarem localizados na Praça Cívica é em virtude de ela ser o centro da capital no projeto original, e na ideia urbanística de Corrêa Lima para Goiânia, os três principais eixos da cidade – avenidas Goiás, Tocantins e Araguaia – nascem ali.
Do sertanejo ao rock em Goiânia
Ao mesmo tempo local de origem da música sertaneja do Centro-Oeste e palco do rock alternativo, que fez a cidade ganhar a alcunha de “Goiânia Rock City”, a capital de Goiás é um verdadeiro caldeirão cultural. “Produto” mais famoso de Goiás em relação ao resto do país, duplas e artistas sertanejos como Zezé di Camargo & Luciano, Leandro & Leonardo, Marília Mendonça e muitos outros saíram do cerrado direto para a fama. Não à toa, é em Goiânia que acontece o festival Villa Mix, um dos maiores do país no segmento da música sertaneja.
Por outro lado, o rock alternativo de Goiânia é referência no país todo desde o fim da década de 1990. Bandas como Boogarins, Carne Doce, Black Drawing Chalks, Violins, MQN, Overfuzz, Hellbenders, entre outras, tiveram como vitrine festivais de grande peso dentro do cenário alternativo, entre eles Bananada, Goiânia Noise, Vaca Amarela e Grito Rock, além de pubs e bares nos quais as guitarras imperam.
Centros culturais
A cidade conta também com diversos centros culturais em que se busca a fomentação do cenário artístico e preservação do patrimônio histórico-cultural de Goiânia. Há neles grande diversidade de eventos, oficinas e cursos em áreas como música, cinema, teatro e dança. Os principais são o Goiânia Cultura Ouro, Estação Cultura, Mercado Popular 74 (antigo Mercado Bairro Popular), Jesko Puttkamer (voltado ao estudo da ocupação humana na região Centro-Oeste), Martin Cererê e Oscar Niemeyer.
Mas o espaço cultural mais tradicional da cidade é o Teatro Goiânia. Projetado pelos arquitetos Jorge Félix e José do Amaral Neddermeyer em estilo Art déco e inaugurado em 12 de junho de 1942, o teatro tem capacidade para 850 pessoas e é um dos principais espaços de apresentação de dança, teatro e música erudita e popular de Goiânia. Em 2003, foi declarado patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Para diversão e conhecimento
Uma grande paixão do povo goianiense são as feiras públicas, consideradas ótimas formas de lazer e grandes atrativos turísticos. Estima-se que em Goiânia sejam realizadas mais de 120 feiras semanalmente, sendo as mais conhecidas a Feira Hippie – aclamada como a maior feira ao ar livre da América Latina e com mais de 6 mil barraquinhas –, a Feira da Lua, a Feira do Sol, a Feira do Cerrado e a Feira das Nuvens. Nelas, encontram-se hortifrútis, roupas, calçados, acessórios, artesanatos, pratos regionais, produtos veganos e itens variados.
Para quem gosta de parque de diversões, Goiânia tem o Mutirama. Público e com entrada gratuita, ele é o maior do setor na América Latina, instalado ao lado do Parque Botafogo, na região central da cidade. Em funcionamento desde a década de 1960, os visitantes podem desfrutar de cerca de 30 atrações, como o planetário, o Parque dos Dinossauros, as tradicionais roda-gigante, montanha-russa, trenzinho e autorama, além de local para piquenique.
Museus e monumentos de Goiânia
Já a história da cidade e da região central do Brasil está nos museus. Destaque para o Memorial do Cerrado, espaço que é formado pelo Museu de História Natural, pela Vila Cenográfica Santa Luzia e pela Fazenda Baraúna. Criado para retratar desde a origem do planeta Terra até a chegada dos portugueses em terras brasileiras, há, no local, uma réplica em tamanho real de uma aldeia indígena e de um quilombo.
Outros museus que contam a história de Goiânia e trazem artigos interessantes em exposição são o Museu Pedro Ludovico Teixeira – casa em que morou o fundador da capital –, com acervo original de pouco mais de 1,8 mil peças dos antigos moradores do local, e o primeiro museu da cidade, o Zoroastro Artiaga, com mais de quatro mil peças, a maioria sobre cultura indígena e folclore.
Também vale conhecer o Monumento às Três Raças, escultura de bronze e granito localizada na Praça Cívica e de autoria da artista Neusa Morais, homenagem aos índios, brancos e negros que estão na origem do povo goiano; a Catedral Metropolitana de Goiânia; o Museu Frei Confaloni (no prédio da antiga estação Ferroviária da cidade), além de posar para um retrato ao lado do letreiro “Eu amo Goiânia”, na Praça do Sol.