Uma metrópole de cultura marcante, história riquíssima e uma apaixonante efervescência. Capital do estado do Pará, Belém tem particularidades que retratam bem a região, a sua localização rodeada por rios e ilhas e as origens de seu povo, resultando, assim, em uma cidade única e encantadora para os visitantes.
Segundo maior centro urbano da região Norte do país, com 1,5 milhão de habitantes, Belém é considerada a entrada para a Floresta Amazônica, maior floresta tropical do mundo. A cidade é margeada pela baía do Guajará (encontro da foz dos rios Guamá e Acará) e conta com 39 ilhas ao seu redor, que formam 65% do território belenense, em uma geografia urbana típica da região amazônica.
A natureza, aliás, faz parte da personalidade de Belém. Seu clima úmido e as temperaturas elevadas, por exemplo, são as causas da chuva torrencial que atinge a cidade todos os dias e sempre no mesmo horário (entre as 15h e 16h). Essa pancada de chuva “agendada” no mesmo período diariamente – mesmo em épocas mais secas do ano – influencia nos hábitos dos moradores, que esperam a chuva acabar antes de seguir para o próximo compromisso.
Outra presença forte na paisagem, e um símbolo de Belém, são as milhares de mangueiras espalhadas pelas avenidas e ruas, que fizeram a capital paraense receber os apelidos carinhosos de “Cidade das Mangueiras” e “Mangueirosa”. O plantio das mangueiras fez parte de um projeto que pretendia arborizar os espaços públicos no início do século XX, e assim essa árvore foi transformada em patrimônio cultural do município.
De forte amazônico à Paris Tropical
A história de Belém resume bem a ocupação do Norte brasileiro por parte dos europeus. Habitada originalmente pelos povos indígenas, que ocupavam esse trecho da floresta, a região começou a ser povoada pela corte portuguesa no século XVII, que a utilizou como fortaleza de proteção da foz do Rio Amazonas contra a invasão de exploradores ingleses, holandeses e espanhóis.
Belém foi oficialmente fundada em 12 de janeiro de 1616 sob o nome de Feliz Lusitânia, e, depois, rebatizada para Santa Maria do Grão-Pará. A denominação da cidade como Belém do Pará tem como referência o Natal, pois foi nessa época que a expedição, comandada pelo capitão Francisco Caldeira Castelo Branco, partiu de São Luís, capital do Maranhão, para a região paraense.
Um dos períodos mais importantes da história de Belém e da região amazônica foi o auge do chamado Ciclo da Borracha, que aconteceu entre 1879 e 1912. Com a abundância de seringueiras nas fazendas ao redor da capital paraense e a alta do preço do látex na Europa, o governo local aproveitou o dinheiro ganho com a comercialização da borracha para modernizar a cidade, com construções como o luxuoso Theatro da Paz, além de cinemas e palácios. Foi nesse momento que a cidade, uma das mais desenvolvidas do Brasil na época, ganhou um apelido curioso: Paris Tropical.
Um passeio por Belém
Com uma agenda turística que retrata a história e os costumes do povo paraense, Belém é uma das cidades com maior potencial para o turismo da região Norte. Números pré-pandemia indicam que a capital do Pará recebeu 640 mil turistas em 2018, o que resultou em uma movimentação de cerca de R$ 120 milhões para o setor, de acordo com a Coordenadoria Municipal de Turismo (Belemtur).
Apontada como a maior celebração do catolicismo no Brasil, o Círio de Nazaré é um dos grandes responsáveis pelo movimento turístico da cidade, com milhares de visitantes de todo o Brasil e do exterior. Realizado todo segundo domingo do mês de outubro, o Círio reúne cerca de dois milhões de pessoas em procissões, romarias, missas e outras apresentações emocionantes que tomam a cidade inteira em devoção à Nossa Senhora de Nazaré.
Realizado há mais de 200 anos e com celebrações que podem durar até nove horas, o Círio é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Mas o turismo na capital do Pará vai muito além da famosa celebração religiosa, com diversos cartões-postais que não podem ser esquecidos em uma visita a Belém. Ponto de encontro da população, o Mercado Ver-o-Peso é o retrato ideal dos hábitos e do estilo de vida dos belenenses. O mercado de ferro está em funcionamento desde 1625, quando um posto fiscal comercial (Casa de Haver-o-Peso) foi instalado pelos portugueses na área ao lado de onde viria a ser o cais do porto do Guajará.
Considerado o maior mercado a céu aberto da América Latina, o Ver-o-Peso oferece em sua centenas de barracas uma série de produtos tradicionais da região, como peixes, frutas, vegetais, especiarias, ervas e artesanatos. O complexo arquitetônico e paisagístico, que inclui construções como o Mercado da Carne, a Praça do Pescador, o Solar da Beira e a Praça do Relógio, é outro patrimônio paraense tombado pelo Iphan.
Ao lado do mercado está a Estação das Docas, um centro cultural e gastronômico sofisticado, que recebe muitas pessoas, especialmente aos finais de tarde. O espaço é repleto de bares com música ao vivo, restaurantes com a típica culinária amazônica e lojas, além de contar com um belo anfiteatro, palco de apresentações artísticas. É da estação que partem as viagens turísticas de barco pela orla de Belém, brindando os passageiros com uma bela vista da cidade.
Também próximo ao cais, no centro histórico de Belém, está o Complexo Feliz Lusitânia, um conjunto de edifícios históricos que contam a história de Belém. Um deles é o Forte do Presépio, datado de 400 anos e que atualmente abriga um pequeno museu focado na história da colonização da região Norte. Outros prédios elegantes da região são a Casa das Onze Janelas, o Museu de Arte Sacra e a Catedral Metropolitana.
Praias de água doce
Por ser uma região cortada por alguns dos rios mais bonitos do Norte, as praias de água doce próximas a Belém convidam para passar momentos agradáveis em meio à natureza. A 25 quilômetros do centro da capital, a Ilha de Caratateua (também conhecida como Outeiro) é o balneário mais procurado pelos belenenses, com movimento o ano inteiro. A mais movimentada das praias da ilha é a Grande, mas a do Amor e a da Brasília também impressionam pelas belezas naturais.
Com 15 praias que, juntas, chegam a mais de 200 quilômetros de extensão, a Ilha de Mosqueiro, chamada pelos paraenses de “Ilha do Amor”, está a 70 quilômetros da capital. Além das praias, como a do Murubira, Marahú e Chapéu Virado, a orla da ilha propicia momentos de lazer e ótima infraestrutura em diversos restaurantes, bares, hotéis e pousadas. Os charmosos casarões construídos durante o Ciclo da Borracha também chamam a atenção dos que conhecem a ilha.
Outra opção é a Praia do Vai-Quem-Quer, na Ilha de Cotijuba, a cerca de 45 minutos de distância de Belém De difícil acesso – por isso o nome –, o lugar é perfeito para aventureiros, que podem chegar até lá por meio de uma caminhada de nove quilômetros entre o porto da ilha e a praia. O percurso também pode ser feito de outras maneiras, como por meio dos chamados “bondinhos”, puxados por pequenos tratores ou até mesmo com charretes. A praia é conhecida por ser sossegada e de estrutura simples, com algumas pousadas rústicas e restaurantes caseiros.
Ja Ilha de Marajó, a maior ilha costeira do Brasil, está a duas horas de viagem de Belém. Os barcos em direção a Marajó saem do Terminal Hidroviário, perto da Estação das Docas, e têm como destino a cidade de Soure, considerada a mais importante da ilha e famosa por seus rebanhos de búfalo.
Sabores da terra
Com pratos que traduzem a gastronomia amazônica, a culinária paraense tem cores, sabores e combinações que surpreendem quem não está familiarizado com tamanha diversidade. O ingrediente mais conhecido da culinária paraense fora do estado é o açaí, mas é importante destacar que, ao contrário do que acontece em outras regiões do país, ele é acompanhado de ingredientes salgados, como peixes, camarões e farinha.
Outros ingredientes comum aos pratos dos paraenses são o tucupi, um caldo amarelo extraído da mandioca, e o jambu, uma pequena erva que causa dormência na boca e é utilizada até na preparação de cachaça. Eles são fundamentais em pratos famosos da culinária regional, como o tacacá, o pato ao tucupi e a maniçoba, a “feijoada paraense”. Veja a seguir outras delícias da cozinha paraense:
- Tapioquinha
- Cuscuz
- Beiju
- Bolo de macaxeira
- Pupunha
- Arroz de pato
- Caruru
- Vatapá
- Caldeirada de peixe filhote
- Pirarucu de casaca
- Bolinho de piracuí
- Cupuaçu
- Castanha-do-Pará
Belém, a entrada da Amazônia
Capital do Pará e uma das principais cidades da nossa Amazônia, Belém surpreende e encanta à primeira vista. A natureza, a cultura, a história e o povo belenense cativam o visitante do primeiro ao último minuto. Que tal aproveitar para conhecer a “Cidade das Mangueiras”? Confira a agenda de viagens desse destino Voepass e programe a sua visita:
- Belém – Fortaleza: Quinta-feira
- Fortaleza – Belém: Segunda-feira
- Belém – Manaus: Terça-feira
- Manaus – Belém: Quinta-feira