O maior museu a céu aberto do mundo está no Brasil, mais especificamente em Brumadinho (MG), cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Com um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do planeta, o Instituto Inhotim é especial não apenas por promover a arte no país, mas também por ser um recanto ecológico.
Além dos 140 hectares de área de visitação com 560 obras de mais de 60 artistas de 38 nacionalidades diferentes e das diversas espécies de plantas que formam um majestoso jardim botânico, há uma extensão de 250 hectares de Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN), que está em uma porção florestal remanescente de Mata Atlântica e de Cerrado. As obras espalhadas pelo espaço, em combinação às espécies botânicas, fazem do Inhotim um lugar especial e que deve ser aproveitado em seus mínimos detalhes.
O nascimento do Inhotim
O surgimento do que viria a ser o Inhotim aconteceu na década de 1990. Na época, o empresário do ramo de siderurgia Bernardo Mello Paz, dono da propriedade e colecionador de obras de arte, foi forçado a se distanciar dos negócios após sofrer um acidente vascular cerebral.
Decidido a investir em um projeto pessoal, Paz transformou sua fazenda, localizada na região de Inhotim, em um grande jardim botânico. Por incentivo de sua ex-mulher, a artista plástica Adriana Varejão, o terreno começou a ganhar obras de artes dela e de amigos, como Tunga e Cildo Meireles. A abertura definitiva ao público aconteceu em 2006.
O Instituto se apresenta como uma entidade privada, sem fins lucrativos e reconhecida como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Para a realização de suas ações socioeducativas e manutenção de seus acervos, o Inhotim é mantido com recursos de doações.
Além da visitação de turistas do Brasil inteiro, o Inhotim utiliza seus acervos artísticos e botânicos para o desenvolvimento de ações educativas, atendendo escolas, universidades, e diferentes instituições do setor público e privado de Minas Gerais. Desse modo, traz a arte, o meio ambiente, a cidadania e a diversidade cultural para próximo da sociedade.
Acervo de arte e jardim botânico
Focado na arte contemporânea produzida a partir dos anos 1960 até os dias atuais e com um acervo em constante expansão, Inhotim abrange obras em diversos formatos, como esculturas, instalações, pinturas, desenhos, fotografias, filmes e vídeos. Das 23 galerias, quatro são dedicadas a exposições temporárias: Lago, Fonte, Praça e Mata. Os pavilhões contam com grandes vãos que permitem o aproveitamento versátil dos espaços para apresentação de obras de várias mídias.
A “seleção internacional” de artistas com mostras permanentes no Instituto é de fazer inveja a qualquer galeria de arte do mundo: Vik Muniz, Helio Oiticica, Lucia Koch, Lygia Pape, Neville D’Almeida, Abdias Nascimento, Yayoi Kusama, Carlos Garaicoa, Doug Aitken, Chris Burden, Zhang Huan e muitos outros.
Parte fundamental do cenário e uma obra de arte por si só, a área verde do Inhotim é extraordinária. Com uma expressiva coleção de espécies de palmeiras e árvores nativas brasileiras e exóticas de várias regiões do mundo, em 2010, o Instituto recebeu o reconhecimento de Jardim Botânico em título atribuído pela Comissão Nacional de Jardins Botânicos (CNJB).
São aproximadamente 4,5 mil espécies do acervo botânico, com ênfase para as mil espécies e variedades de palmeiras, e as mais de 400 espécies e formas de imbés, antúrios e copos-de-leite. Atualmente, o Inhotim conta com oito jardins temáticos: Desértico, Pictórico, de Transição, de Todos os Sentidos, Veredas, das Orquídeas, Sombra e Água Fresca e Vandário.
Destaca-se, ainda, o Centro Educativo Burle Marx, espaço em homenagem a Roberto Burle Marx, que é responsável por assinar parte dos 35 hectares de paisagismo do instituto. Também estão entre as atrações do lugar: a música, com a realização de festivais (MECAInhotim), espetáculos, performances e shows de artistas da cena independente e cantores consagrados; e a área gastronômica, com espaços como o Restaurante Oiticica e o Bar do Ganso.
O Instituto Inhotim abre de terça a sexta-feira (9h30 às 16h30) e aos sábados, domingos e feriados (9h30 às 17h30), com o valor de R$ 44 por pessoa. Crianças de até cinco anos não pagam, e a entrada é gratuita às quartas-feiras (exceto feriados). Moradores de Brumadinho cadastrados no programa “Nosso Inhotim” não pagam entrada. Mais informações no site inhotim.org.br.
5 obras para conhecer em Inhotim
- “Invenção da Cor, Penetrável Magic Square #5, De Luxe”, de Hélio Oiticica: revela o interesse do autor pelo espaço público como lugar de encontro e a herança da tradição geométrica em sua formação.
- “Forty Part Motet”, de Janet Cardiff: reúne, em um semicírculo, oito conjuntos de cinco caixas de som. Cada caixa reproduz a voz de um integrante de um coral. À medida que percorre a instalação, o espectador pode ouvir as diversas vozes e perceber as diferentes harmonias entre elas.
- “De lama lâmina”, de Matthew Barney: a instalação reafirma o interesse do artista por narrativas mitológicas, especialmente no sincretismo afro-brasileiro. No domo geodésico de aço e vidro, está o trator que sustenta uma árvore, utilizado em uma performance na Bahia.
- “Através”, de Cildo Meireles: com materiais comuns no uso de construção de barreiras, o artista faz com que, através de um jogo de elementos, o visitante caminhe por esse labirinto, com chão forrado de cacos de vidro e o som como causador da atmosfera do trabalho.
- Galeria Adriana Varejão: Projetada pelo arquiteto Rodrigo Cerviño, a galeria é uma grande caixa de concreto suspensa sobre um espelho d’água. O reflexo amplia a natureza ao redor, indicando uma interação entre arquitetura e paisagem.
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